Jaime
Cimenti
Dinheiro
Dinheiro,
amor, poder e sexo - não necessariamente nesta ordem -, são quatro das coisas
que mais interessam aos humanos, aos autores de incontáveis romances
best-sellers e novelas de televisão e a muitos líderes políticos, empresariais,
classistas, religiosos etc.
Concordo
com os suíços, que entendem muito de grana: o dinheiro é um bom empregado, mas
um péssimo patrão. Se mandas no dinheiro, ótimo, se ele manda em ti....
complicado. Dinheiro não traz
felicidade, mas acalma, acalma muito os nervos, dizem os italianos.
Dinheiro
compra até amor verdadeiro, disse o Nelson Rodrigues. Uma vez uma senhora de
uns 80 e tantos, em meio a disputas envolvendo filhos e netos vorazes, resumiu:
olha, quem tem dinheiro se incomoda porque tem, quem não tem se incomoda porque
não tem. Sei lá, dinheiro deve ser, na medida do possível, sinônimo de
liberdade. Se o cara tem uns pilas, que tal curtir, ao menos um pouco, o fato
de não precisar pensar tanto no vil metal?
É a
melhor coisa que o dinheiro pode fazer pela gente: não precisar pensar tanto
nele. Esses dias dei de cara com um desses seres que, de tão pobre, coitado, só
tem dinheiro. Ele não sabe, claro, não tem a menor ideia de que um dos sinais
mais interessantes de saúde mental é quando o cara consegue rasgar - de
preferência em público - dinheiro. Sim, rasgar dinheiro.
Em
público. Isso já foi e é para muitos, ainda, sinônimo de loucura, mas, pensando
bem, talvez não seja tanto assim. Bom, não precisa rasgar propriamente as
notas, pode rasgar tipo metaforicamente ou simbolicamente os trocos, comprando
bens e serviços simpáticos, distribuindo moedas rutilantes por aí e tal.
Outro
ótimo sinal de saúde mental é quando o cara consegue rir de si e dos próprios
problemas. De mais a mais, como diz a sabedoria popular: se bebes sozinho,
ninguém vai carregar teu caixão. Pois é, dinheiro, essa notável invenção
humana, não acompanha ninguém no caixão. Tem uns parentes espertos que botam lá
um cartão de crédito ou um cheque no bolso do defunto para ele levar lá no
além, mas isso é outro papo. Nada a ver.
Bom,
mas, enfim, vamos bater no dinheiro de vez em quando para ele ver quem manda,
mas vamos ser equilibrados e, para encerrar essa rica e afortunada conversa,
deixo aqui uma velha frase publicitária filosófica, de uma tradicional
instituição bancária de um país europeu: nunca gaste tudo! (capricha no
sssutac!).
Jaime
Cimenti
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