10 de outubro de 2012 |
N° 17218
PAULO SANT’ANA
O princípio do fim do mensalão
Esta coluna sente-se
discretamente orgulhosa de ter previsto que os ministros Ricardo Lewandowski e
Dias Toffoli iriam votar dias mais tarde, como agora vieram a votar, pela
absolvição de José Dirceu.
Para quem estava atento ao
julgamento, como eu estava, a ponto de receber telefonema insistente do
presidente do Supremo, não era muito difícil adivinhar que esses dois ministros
iriam destoar de seus colegas adotando entendimento contrário à maioria de seus
pares sobre José Dirceu.
Há dois Judas brasileiros que
estão sendo massacrados nas ruas atualmente: Delúbio Soares e Tatu-Bola.
Errei ao prever que só
condenariam os bagrinhos e absolveriam os tubarões e as baleias: foram todos
apanhados pela mesma rede.
Mas acertei quando severamente
escrevi, no dia 2 de agosto último, que o ministro Dias Toffoli tinha de se
declarar suspeito e afastar-se do julgamento.
Antes de ser ministro do Supremo,
ele foi advogado do PT e assessor jurídico de José Dirceu.
Agora ele mancha sua biografia ao
inocentar José Dirceu. Qualquer pessoa em sã razão se recusaria a julgar uma
pessoa de quem foi assessor jurídico. Não tem isenção quem ostenta essa
condição. E o pior: influi na alteridade do julgamento.
Triste para o ministro Toffoli
essa sua – pode-se dizer – autoflagelada decisão.
José Dirceu pode vir a ser, se
não me engano, o maior vulto da história política brasileira, em todos os
tempos, a ser condenado pela Justiça.
Porque Collor de Mello foi
absolvido pelo Supremo.
Faltam agora poucos ministros
para votar.
E depois vem o grande momento do
julgamento: a fixação das penas para os condenados.
Desejo sinceramente que as penas
não sejam tão brandas a ponto de não se tornarem indulgentes nem tão severas
que acabem cruéis.
Desejo, em suma, que sejam penas
justas.
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