EDITORIAIS
FOLHA
Por um triz
Depois
de contrariar todos os prognósticos eleitorais, Russomanno acaba fora do 2º turno
em São Paulo, que revive a disputa PSDB x PT
Numa
eleição tão disputada como este primeiro turno em São Paulo, qualquer dupla de
nomes que se qualificasse para o segundo, a rigor, acarretaria alguma surpresa.
Ela veio, mas na forma de um refluxo tardio para a lógica habitual de polarização
entre PSDB e PT.
A
surpresa fica por conta da queda vertiginosa daquele que despontou como azarão
deste pleito, Celso Russomanno (PRB) -apenas para ser atropelado no final por
candidatos de partidos mais estabelecidos, o tucano José Serra e o petista
Fernando Haddad.
Confirmaram-se
assim, ainda que com atraso, os prognósticos de que a candidatura excêntrica de
Russomanno seria desidratada ao longo do horário eleitoral.
Com
muito menos espaço na TV e no rádio que os adversários, o xerife dos
consumidores até que foi longe. Por longo tempo, foi capaz de equilibrar-se
sobre a própria inconsistência, sem um programa inovador para a problemática
metrópole e também desprovido de uma equipe com credenciais mínimas para o
desafio de administrar a maior cidade do país.
Estribado
unicamente na própria celebridade televisiva, menos de três semanas antes da
votação Russomanno ainda mantinha a vantagem de mais de dez pontos percentuais
que abrira sobre o segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto. Aí foi
abatido pelos próprios erros -como a desastrada proposta de calibrar a tarifa
de ônibus pela distância percorrida, fadada a prejudicar pobres que moram longe-
e pelo bombardeio de adversários, como as críticas por suas ligações mal
explicadas com a Igreja Universal.
Tamanha
resiliência ainda carece de boa explicação. Apesar de ter morrido na praia,
como se diz, não se exclui que o fenômeno Russomanno represente um sintoma -débil,
ainda, e logo debelado- de um certo cansaço dos eleitores paulistanos com o
fossilizado embate entre PT e PSDB.
Surpresa
maior, porém, teria vindo com uma derrota precoce do PT, caso Haddad não
chegasse ao segundo turno.
Com
o apoio discreto da presidente Dilma Rousseff e o engajamento estridente do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, Haddad tinha contra si a própria inexperiência (evidenciada
nos palanques das ruas e da TV), a aliança com Paulo Maluf e o mau momento do
lulo-petismo (com as condenações no julgamento do mensalão pelo Supremo
Tribunal Federal). O ex-ministro da Educação sobreviveu, até aqui, aos percalços.
O
desgaste do PT (e, por que não, também do PSDB) só poderá ser corretamente
dimensionado, contudo, com os resultados do segundo turno -aqui e noutras
capitais.
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