24
de outubro de 2012 | N° 17232
PAULO
SANT’ANA
Governador responde
Na
minha coluna de ontem, alarmado com a morte de 120 presos gaúchos por ano, em
razão de doenças e assassinatos ocorridos dentro das prisões, pedi ao
governador Tarso Genro que providenciasse para pôr fim a esse genocídio.
O
governador respondeu prontamente a esta coluna. Eis a resposta:
“Prezado
Paulo Sant’Ana. Como é de costume, li logo cedo a sua coluna publicada nesta
terça-feira, em Zero Hora. Quero lhe dizer que também compartilho do seu
tormento em relação às mortes no sistema prisional do nosso Estado. Tenho plena
consciência de que estamos falando de vidas humanas e que mortes (naturais ou
homicídios) não podem ser tratadas como estatística.
Mas
posso garantir que essa situação vem diminuindo drasticamente neste governo.
Por
isso, recorro ao seu tradicional espaço para informar – a ti e ao povo gaúcho –
que estamos trabalhando arduamente para reverter esse doloroso quadro.
Obtivemos
alguns avanços já, reduzindo a média de mortes nos últimos cinco anos, que era
superior a 200 óbitos/ano. No ano passado, houve uma tímida queda, com o
registro de 173 óbitos. Já nos primeiros nove meses de 2012, com a gradativa (e
ainda lenta) ampliação de vagas no sistema, e o reforço de 22 equipes de saúde
atuando nas casas prisionais, o número total de mortes chegou a 68.
São
médicos, dentistas, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e auxiliares
de gabinetes odontológicos prestando serviços continuamente. No interior, o
atendimento é feito pelos hospitais e postos de saúde locais.
Em
menos de dois anos, mais que dobrou o número de presos atendidos pelas equipes
de saúde. Mesmo assim, o número de mortes ainda é alto porque a maioria dessas
pessoas já chega aos presídios em estado avançado de doenças como HIV e
tuberculose.
Os
gestores dos serviços penitenciários vêm conseguindo ampliar o número de vagas
para acabar com a superlotação, o que tem consequência imediata na redução da
tensão nas cadeias, permitindo um maior controle dos agentes penitenciários na
identificação da formação e organização de grupos criminosos, bem como na
prevenção de homicídios e outros adventos dessa natureza no sistema.
A
ampliação das vagas é a medida estrutural que confere condições ao Estado para
um efetivo controle das casas prisionais.
Por
fim, reitero que a exposição desses números tem tão somente o objetivo de
melhor apresentar o tamanho do desafio que estamos enfrentando no sentido de
assegurar saúde, dignidade e, fundamentalmente, plenas condições de recuperação
àqueles que venham a ingressar no sistema prisional do RS. Cordialmente, (ass.)
Tarso Genro, governador do Estado”.
Agora
escreve o colunista. Ontem afirmei que muita gente concorda com o morticínio
nas prisões e quer ver os detentos sofrendo ou sendo assassinados.
Pois
só para ter uma ideia de inúmeras manifestações que recebi neste sentido, vou
transcrever um e-mail de inacreditável insensibilidade. Vem do leitor Fabiano
Saldanha
(fabianosaldanha@hotmail.com):
“Realmente é um absurdo! Um preso morto a cada três dias é um escândalo, é pouco!!
Muito pouco, deveria ser um por dia, ou dois!!! Se estão lá, coisa boa não são.
Ou tu achas que bandido deve andar solto por aí como os que atacaram a médica
Simone, reportagem de capa de hoje?
Francamente
Sant’Ana. Faça uma pesquisa entre teus leitores e veja quem concorda com essa
tua opinião. ‘Bandido bom é bandido morto’”.
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