15
de outubro de 2012 | N° 17223
KLEDIR RAMIL
Facebook
Hoje
em dia, quando quero saber dos meus filhos, eu entro no Facebook. Não, eles não
moram em outro país, vivem comigo, sob o mesmo teto. O que acontece é que, nas
conversas do dia a dia, não sobra tempo para certos assuntos mais íntimos,
aquelas coisas que a gente só revela para os amigos mais chegados, os 5 mil que
fazem parte do nosso perfil.
Ainda
bem que fui adicionado no Face deles, assim fico sabendo, por exemplo, que
eles, “uhuuu!!!”, conseguiram ingresso para o show do Los Hermanos. É assim
mesmo, cada conquista, por pequena que seja é sempre acompanhada do grito de vitória:
“Uhuuu!!!”.
E
não se iluda. Eles não vão ficar gastando os “uhuus” deles num almoço em
família se podem muito bem dividir essa euforia com os 5 mil eleitos, que, por
sua vez, vão espalhar para outros 5 mil e assim ad infinitum, em progressão
geométrica.
E
mais. No Face, além do texto, podem ilustrar o assunto com fotos, vídeos e
links. Muito mais interessante. Essa gurizada não quer perder tempo com
bate-papo. Só se for online, onde podem falar com vários ao mesmo tempo. Pra
que conversa ao pé do ouvido se podem falar no microfone? E com a câmera
ligada?
Confesso
que adoro esses avanços da tecnologia. Uso muito o Skype, por exemplo. Pra
fazer reuniões, conversar com minha mãe em Pelotas e pra matar a saudade da
família, quando estou em viagem, sozinho, num quarto de hotel.
O
notebook é o meu fiel companheiro. Além de servir de telefone com imagem, é
também a minha máquina de escrever, meu aparelho de som, meu correio, meu canal
de informações, meu estúdio de gravação, meu álbum de fotografias... Ah, sim, e
é a minha ferramenta de acesso ao Facebook, para eu poder estar conectado com
as pessoas, em rede social.
Só
temos que tomar cuidado para não substituir o mundo real por esse virtual. Se
bem que, pelo pensamento hinduísta, o mundo da matéria onde estamos metidos é
Maya, ilusão. Então, no fim das contas, qual é o verdadeiro? O que é real, o
que é fantasia? De repente, esse universo “na nuvem” está mais perto das coisas
eternas. Quem vai saber?
Estamos
vivendo outros tempos. Se será melhor ou pior, só saberemos no futuro. Minha
única certeza é que, apesar de atordoado com tanta novidade, não abro mão da
minha função de pai. Continuo atento e ligado aos movimentos dos meus filhos,
mesmo “na nuvem”. Uhuuu!!!
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