18 de outubro de 2012 | N° 17226
ARTIGOS -
E por falar em avaliação
Compreender que o acesso à
educação pública de qualidade é fundamental para acabar com a desigualdade
social no Brasil é o mínimo que se espera dos governantes.
A falta de investimentos na área
no Rio Grande do sul, onde não se investe nem o mínimo estabelecido pela
Constituição Estadual – 35% da receita corrente líquida –, tem uma profunda
relação com as mazelas sociais que atingem todos os segmentos da sociedade. A
ausência de políticas educacionais capazes de oportunizar aos filhos dos
trabalhadores melhores condições de aprendizagem contribui para o
aprofundamento das desigualdades sociais, da exclusão.
A garantia de acesso a um ensino
público de qualidade e a valorização dos educadores são premissas fundamentais
para que a escola cumpra o seu papel social. Educar é, antes de tudo, construir
cidadania, promover a emancipação, formar seres críticos e capazes de
desenvolver suas potencialidades nos diferentes espaços da sociedade, inclusive
no mundo do trabalho.
Recentemente foi lançada mais uma
ação mirabolante do governo estadual. Infelizmente, não se trata da destinação
de recursos para a compra de equipamentos e materiais pedagógicos, à construção
de novos prédios escolares, muito menos para garantir salários dignos. Quiçá
fosse o cumprimento da lei do piso nacional! Resume-se apenas à criação de
(mais) um mecanismo de avaliação, denominado Sistema Estadual de Avaliação
Participativa (Seap).
É um mecanismo de aferição criado
com o objetivo de mascarar a ausência de políticas públicas para a educação,
como se não fosse visível a precariedade e o sucateamento a que estão
submetidas as escolas da rede estadual.
A educação gaúcha precisa de
mudanças efetivas nas estruturas educacionais, que, se bem executadas,
transformariam não só a vida daqueles que frequentam as escolas públicas, mas a
vida de suas famílias e suas comunidades, incidindo diretamente na melhoria das
condições de vida da população, na distribuição de renda e na redução das
disparidades socioeconômicas que caracterizam a nossa sociedade.
O “novo” sistema de avaliação
tentará mais uma vez rotular os(as) aluno(as) como incapazes e os(as)
professores(as), como incompetentes, desconsiderando a falta de investimentos e
de políticas educacionais.
Quem irá avaliar o governo Tarso
por descumprir o que determina a Constituição Estadual e pelo não cumprimento
da lei do piso nacional? Pela falta de um projeto pedagógico construído com e
pela comunidade escolar? Até quando vamos culpar as vítimas pelos crimes
cometidos pelos seus algozes?
*PRESIDENTE DO
CPERS/SINDICATO
Nenhum comentário:
Postar um comentário