14
de outubro de 2012 | N° 17222
RETA
FINAL
É tudo culpa da
Carminha!
Novela
“Avenida Brasil” se despede na sexta-feira após consagrar personagem de Adriana
Esteves como uma das grandes vilãs da teledramaturgia brasileira
#TodosOsPrêmiosParaAdrianaEsteves:
a expressão não sai das redes sociais desde segunda-feira, quando uma das cenas
mais aguardadas de Avenida Brasil foi ao ar. Desmascarada após 12 anos
enganando o marido, a vilã interpretada por Adriana Esteves começou o capítulo
apanhando e sendo humilhada pela família que tanto manipulou. Dissimulada, a
personagem Carminha bem que tentou enrolar e mentir, duas de suas
especialidades, mas a máscara caiu. E a audiência subiu (veja ao lado).
Não
que o público quisesse ver a derrocada da loira má, pelo contrário. Desde que a
trama de João Emanuel Carneiro começou, em março, a torcida por Carminha sempre
superou a de Nina (Débora Falabella), a mocinha que voltou do lixão para se
vingar da madrasta que a descartou. Agora, a cinco capítulos do final da
história, que termina em 19 de outubro, na RBS TV, a intérprete da bruxa má
comemora o sucesso da personagem que só recebe elogios.
–
Antes da estreia, as pessoas me diziam: “Prepare-se para ser odiada”. Mas é
incrível como elas curtem a Carminha – opina Adriana Esteves, em entrevista ao
Ego, ainda se dizendo surpresa com tanta repercussão: – As pessoas são doidas.
Mas sim, eu também acabei torcendo pela personagem – confessa.
Aos
42 anos, Adriana é o grande nome da trama do horário nobre. O papel da
interesseira sem pudores, que cobiça ser uma mulher respeitada pela sociedade,
com status e dinheiro, surpreende até mesmo o próprio autor.
–
Adriana é a estrela cadente da novela. Ela fez uma Carminha muito além do que
eu imaginava, além do que escrevi. Me dá estímulo para enfrentar tanto trabalho
– declarou a O Globo.
Verdade
seja dita, não existiria Carminha sem o talento combinado de ambos, criador e
criatura. Especialista no assunto, o doutor em teledramaturgia brasileira Mauro
Alencar se diz estupefato com a qualidade dos roteiros do núcleo do Divino e
com a atuação da protagonista:
– O
texto precioso de Carneiro, que polarizou em Carminha os mais baixos e
primitivos instintos do ser humano, se soma à magnânima interpretação de
Adriana, tão bem representante das criaturas demoníacas que circulam em
qualquer sociedade. Carminha passou a representar a sombra que habita em nós de
maneira recriada pela arte.
Torcer
pelas vilanias da personagem, aliás, não é algo anormal. Pelo contrário. A
psicóloga Iara Camaratta Anton, que também assiste diariamente aos rosnados e
berros da megera, diz que todos temos uma Carminha (e até um Max, arghs)
habitando nosso interior.
–
Carminha nos toca quando admitimos nosso “lado negro” e vibramos
escancaradamente com suas ações. Um dos pontos altos é justamente a fachada de
dona de casa igrejeira e generosa. Sem falar na elegância da pessoa, sempre
usando roupas brancas, linda, atraente e sedutora como um demônio em vestes de
anjo – compara.
A
bem da verdade, Carminha é tão maquiavélica que chega a ter seu lado cômico.
Suas caretas viram hits na internet, blogs e memes são criados a cada cena
marcante e suas frases ganham a boca do povo imediatamente após um capítulo novo
(veja os destaques na página ao lado). O fato da golpista desconhecer o
politicamente correto conquista o público e faz lembrar de outras vilãs
semelhantes, que bombaram em novelas anteriores. Para o doutor em
teledramaturgia Claudino Mayer, ela é um mix de vários nomes da galeria de
grandes malvadas da história da TV:
–
Carminha é irmã da Flora (Patrícia Pillar em A Favorita), prima da Clara
(Mariana Ximenes, de Passione) e filha da Nazaré (Renata Sorrah, de Senhora do
Destino) – brinca o autor do livro Quem Matou – Romance Policial na Telenovela,
que aposta em Carminha como a principal suspeita da morte de Max: – É o final
de maior coerência. E presentearia Adriana Esteves pela ótima construção desta
personagem.
camila.saccomori@zerohora.com.br
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