19
de outubro de 2012 | N° 17227
PAULO
SANT’ANA
Uma freira no
bordel
Estou
tomado de compaixão pelo José Genoino. Ele foi condenado junto com José Dirceu
e Delúbio Soares.
Mas,
o Dirceu, se sabe que é uma figura diabólica e partiu de sua cabeça toda a
trama de perpetuar-se no poder subornando os parlamentares da base aliada.
E, o
Delúbio, a gente sabe, por suas próprias reações e confissão, que é uma pessoa
intrinsecamente indecente.
Com
José Genoino, dá-se diferente: até quando se tornou guerrilheiro, foi levado à
frente pelo delírio idealístico, foi atrás dos outros no rumo de Caparaó,
deixou-se levar pelo ímpeto juvenil-esquerdista, desconhecendo qualquer prurido
racional.
Mas
agora José Genoino está desempregado e condenado. Ele assinou os empréstimos
frios por ordem de cima, era presidente do PT, mas era quem mandava menos, Lula
e José Dirceu manobravam com Genoino como bem entendessem.
Foi
assim que Genoino, um ingênuo bastardo no partido, entrou na fria de assinar os
documentos, foi na onda, não digo que não tivesse culpa, mas todo o esquema
subornador de consciências não teve sequer uma gota neuronal de Genoino.
Tenho
em mãos uma carta da filha de José Genoino que foi lida na tribuna do Senado
pelo senador Eduardo Suplicy. Há um trecho que define quem é Genoino, quando
dizia à sua filha pequena sobre o que o levara a entrar na política: “A única
coisa que quero, Mimi, é melhorar a vida das pessoas”.
Genoino
entrou numa fria, enquanto José Dirceu e Delúbio tinham muito bem consciência
dos seus atos e da gravidade dos erros que estavam cometendo.
Genoino
é igualmente culpado, mas não é um bandido mal-intencionado, enquanto seus
comparsas buscavam o poder pela falsidade, pela corrupção e pela malversação e
negação de suas ideias.
Genoino,
ao contrário, foi no mensalão o contraventor puro, cometeu os ilícitos
imaginando que eles não eram ilícitos e que só serviam à causa do ideal.
Estou
com pena de Genoino, condenado, desempregado, talvez inutilizado para a
política, um mal que para ele se torna a pena maior, enquanto para os outros
não tem nenhuma importância: porque só pensavam em avançar no ilícito para
exercer um poder aviltante das liberdades.
Os
ministros do Supremo não poderiam ter livrado Genoino de pena só porque o réu
tem uma cara boa.
Mas
poderiam ter dado um jeito de livrar Genoino como acabou ficando solto Duda
Mendonça, que a pretexto de ter-se safado por um cochilo do regulamento
tributário, vai agora poder gastar a sua fortuna colossal em liberdade, ele que
foi aquele que ganhou mais dinheiro do governo, é verdade que com trabalho e
talento, servindo de marqueteiro do Lula e do PT, só que na essência a fortuna
ganha pelo Duda Mendonça tem a mesma origem: os cofres populares.
Uma
lástima que não tivesse jeito para livrar Genoino. Mas ele tem a marca de ser o
mais sincero e mais ingênuo de todos os réus.
Do
Genoino, dá para dizer que foi fatalmente atingido pelas más companhias.
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