11 de outubro de 2012 |
N° 17219
PAULO SANT’ANA
Tarso Genro e Raul Pont
O governador Tarso Genro, no início
de sua participação no programa Atualidade na Rádio Gaúcha, ontem, declarou-se
atingido pela sentença do Supremo Tribunal Federal que está condenando a cúpula
do PT, Dirceu, Genoino e Delúbio, por corrupção ativa.
Na medida em que posso, quero
despreocupar o governador Tarso Genro a respeito.
Só quem não tem memória é que
pode pensar que Tarso Genro possa sequer ter afinidade com os métodos de
governo e de organização do PT imprimidos por José Dirceu no governo Lula.
Tenho bem presente que Tarso
Genro, quando ministro de Lula, rompeu publicamente com José Dirceu por
conceber ideias antípodas às do então chefe da Casa Civil, na condução dos
negócios de Estado e no comportamento da executiva nacional do PT.
Tarso chegou até a desgastar-se
no governo e no PT por discordar frontalmente dos métodos empregados por
Dirceu.
Dessa forma, Tarso pode ficar
tranquilo: não tem por que se sentir atingido, como ele próprio declarou ontem,
pela decisão revolucionária e inédita do Supremo Tribunal Federal.
Até mesmo porque Tarso Genro e
outros tantos membros do PT não concordavam com os métodos de José Dirceu, é
que deve ficar bem esclarecido que não foi o PT julgado pelo Supremo, quem foi
julgado foi um grupo bem identificado de governantes e dirigentes partidários
que tinha hegemonia sobre a sigla e transgrediu tipos penais incompatíveis com
a genuinidade da política.
É preciso que todos entendam que,
como todos os outros partidos, o PT tem água e tem azeite, tem joio e tem trigo.
Não é um só PT.
E aqui no Rio Grande do Sul há
vários outros petistas que discordavam frontalmente dos métodos imperiais de
José Dirceu. Um exemplo deles é o deputado Raul Pont, que por diversas vezes
manifestou-se claramente contra decisões da executiva nacional que afrontavam o
ideário petista.
Ou, por acaso, alguém supõe,
desviando para as alianças políticas, que Tarso Genro e Raul Pont concordam com
Lula, Haddad e Paulo Maluf de mãos dadas na capital paulista?
Nunca! Descanse o governador
Tarso Genro. A sentença do Supremo não o atingiu.
E que o governador ganhe forças
para vencer a metástase dirceuniana remanescente no PT e tente fazer renascer
no partido a vocação moralista que emergiu da placenta da sigla.
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