24
de outubro de 2012 | N° 17232
ARTIGOS
- Carlos Henrique Horn*
O Sul retomando seu lugar ao
sol
A
criação de um fundo nacional de desenvolvimento para o sul do país é tema que
mobiliza lideranças políticas e econômicas do RS, de SC e PR nesta semana em
Porto Alegre, na 1ª Conferência Macrorregional de Desenvolvimento Regional. Sabe-se
que os atuais instrumentos de financiamento da Política Nacional de
Desenvolvimento Regional (PNDR) destinam-se exclusivamente às três regiões mais
pobres da nação – Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Comparadas
macrorregionalmente, certamente estas são as mais carentes de investimentos. No
entanto, as disparidades microrregionais do sul do Brasil também preocupam. E
muito. Minimizá-las exige uma política que entenda essas diferenças, além de um
fundo exclusivo que alavanque as ações para o desenvolvimento da região.
Especificamente
no Rio Grande do Sul, os números mostram que viemos perdendo espaço “sob o sol”.
O desempenho socioeconômico do Estado na última década foi inferior à média
nacional em vários quesitos e reduzimos participação relativa no PIB nacional. Afora
essas evidências, as desigualdades regionais têm se aprofundado de forma
acelerada nos últimos anos.
A
Metade Oeste (com ênfase em sua porção Noroeste) pode ser considerada a mais crítica
em termos de taxas de crescimento da renda, do PIB e da população. Seminário
recente realizado na Fundação de Economia e Estatística (FEE) apontou que, no último
decênio, os municípios dos três Estados do Sul apresentam um problema em comum:
o êxodo rural. Neste cenário, de perda populacional, as regiões ficam
estagnadas, perdem dinamismo. Prova de que as desigualdades nacionais vão muito
além daquelas percebidas entre as macrorregiões. Elas são inerentes a cada
Estado, microrregião e cidade.
Na 1ª
Conferência Nacional de Desenvolvimento Regional, que acontece em dezembro, em
Brasília, vamos avaliar tais dissonâncias à luz do atual dinamismo e evolução
da economia brasileira. Ela integra iniciativa inédita do Ministério da Integração,
que desde agosto vem promovendo conferências em todo o país para a elaboração
da nova Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR).
Os
formuladores destas políticas públicas, nossos representantes nos poderes
Executivo e Legislativo, devem considerar as idiossincrasias regionais na hora
de traçar as diretrizes para o crescimento do país e, mais do que isso, assegurar
o financiamento para o desenvolvimento sustentável.
O
crescimento socioeconômico está diretamente relacionado à qualidade (e
quantidade) do financiamento direcionado ao investimento produtivo. A redução
das disparidades regionais não acontece por combustão espontânea. É necessário
promovê-la. E não há dúvida de que a criação de um fundo específico para o Sul
servirá como impulsionador para que a região volte a desfrutar de seu merecido
lugar ao sol.
*PRESIDENTE
DO BANCO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO DO EXTREMO SUL (BRDE)
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