Jaime
Cimenti
A Feira do
Livro
Tem
coisas e pessoas que são eternas: Dona Canô, Oscar Niemeyer, o Inter, a
Mangueira, o Flamengo, a Igreja Católica, a Coca-Cola, pagar impostos, morrer
e, claro, os livros e a Feira do Livro.
Os
livros de papel, desses de verdade, resistem à geração som-imagem, aos meios
eletrônicos e vão e vêm, eternos como as ondas do mar. A Feira do Livro de
Porto Alegre, guria ainda, com menos de 60 anos, chega com a mesma pontualidade
da primavera, para mostrar que é muito mais e melhor do que ela mesma, a cada
ano.
É
mais e melhor do mesmo. Vidas de pessoas e livros têm muito de imprevisível.
Tipo aquele colega de faculdade que tu achavas que ia despontar para o
anonimato e acabou rico, competente, famoso e prestigiado. Acontece. O fascínio
e o terror das vidas de seres reais, imaginários ou de livros é esse: a
imprevisibilidade, o momento seguinte. Quem diria que O nome da rosa, do
Umberto Eco, ia bombar na crítica e no público?
Quem
diria que a gurizada audiovisual leria milhares de páginas impressas do Harry
Potter? Quem diria que uma estreia de um autor novato e desconhecido com o
romance O perfume ia dar no que deu?
Editores,
marqueteiros e escritores tentam, muitas vezes (de vez em quando conseguem)
produzir o best-seller que vai agradar o público, a crítica e as academias e
gerar uma grana simpática. Quando nossa feira surgiu, cabia num olharzinho e
ninguém imaginou o que ela se tornaria décadas depois.
Os
leitores, o tempo, os dedos do destino e umas coisas misteriosas fizeram seus
papéis e, agora, vamos curtir mais uma edição revista, ampliada, melhorada e
com nova capa da feira, tipo assim, um livro novinho em folha, cheirando a
tinta, no meio da praça.
O
melhor da feira, todos sabem, com certeza, não será apenas o que está na
programação oficial, que, como sempre, está rica em forma e conteúdo. Serão
acontecimentos imprevisíveis, dessas coisas que só encontros espontâneos e
caminhos imprevistos apresentam, essas descobertas em algum olhar ou página, em
algum momento inesperado.
O
melhor da feira é o improviso decorado, o inusitado, assim como o conjunto de
notas que surgem quando músicos competentes, mesmo sem se conhecer, se divertem
muito numa jam session. Improviso, espontaneidade, surpresa, encontro,
mistérios, velhas e novas novidades, coisas que cada um descobrirá por si, são
o melhor da vida e da feira. Nos vemos lá!
Jaime
Cimenti
Nenhum comentário:
Postar um comentário