29
de outubro de 2012 | N° 17237
KLEDIR
RAMIL
Volta Schmidt!
Querido
Schmidt, eu confesso: não sei viver sem você. Estes dias de estrada, cumprindo
a agenda de shows sem a tua companhia, têm sido desastrosos. Sim, eu sei que
você pegou gripe A, passou por vários hospitais e precisa descansar. E que não
dá pra descansar num assento de avião, num banco de van, num quarto de hotel na
fronteira com a Bolívia. Portanto, fica bom logo. Bora pra estrada, agitar um
pouco. As viagens sem você são um porre. Isso aqui tá um tédio.
Outro
dia passamos perto de Farroupilha, e eu levei todo o pessoal – músicos e equipe
técnica – para fazermos uma prece no Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio. Cheguei
até fazer uma promessa: se você ficasse bom logo, todos nós iríamos parar de
fumar. Todos toparam, menos o Gazzaneo. Casualmente, o único que fuma do grupo.
Não
quero fazer intriga, mas não custava nada ele fazer um esforço. Com um amigo
desses, ninguém precisa de inimigo. Desde aquele episódio da parada gay, ele
anda meio depressivo, passa os dias fazendo palavras cruzadas. Temos que ter
uma conversa com ele.
Na
tua ausência, tenho procurado me comportar direito, mas, sinceramente, essa
estagiária que veio pra te substituir é péssima. Na primeira viagem, se
aborreceu porque não gostei do lugar no avião. Você sabe que só viajo no
corredor. Chegando no hotel, tive que trocar de quarto. Claro, tinham me
colocado de frente pra uma avenida barulhenta, fora dos padrões de 80 decibéis
estabelecido pela NBR. Aí fomos jantar e, acredite se quiser, tive que pagar
minha própria conta! Nunca vi uma coisa dessas. Eu sou um artista, não ando com
carteira no bolso.
Tudo
bem. Na viagem seguinte, a empresária resolveu ir junto. Essa, você sabe como é,
está sempre no celular fechando altos negócios e não tem tempo pra cuidar do básico,
como o camarim dos artistas. Resultado, a água mineral estava gelada. E você sabe
que eu me recuso a cantar se a água não estiver na temperatura correta. Não vou
nem comentar os outros detalhes fundamentais para a realização de um espetáculo,
como as toalhas brancas, o ar-condicionado desligado e o Gatorade de bergamota.
Conclusão, tive que cancelar o espetáculo.
E o
pior é que, no dia seguinte, na hora de descer do quarto pra ir pro aeroporto,
a estagiária pediu pra eu bater no meu irmão. Aí, bati e deu a maior confusão. Como
é que eu ia saber que era pra bater na porta?
Portanto, Schmidt, volta logo! The show must go on!!! Não
dá pra viver sem você.
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