27
de outubro de 2012 | N° 17235
EDITORIAIS
ZH
O ranço e a
inoperância
Há
uma combinação de desleixo e de ranço burocrático entravando a volta dos
controladores de velocidade às rodovias gaúchas. Os equipamentos foram
desligados há quase dois anos, no rastro de um escândalo nas licitações, e até
agora não voltaram a funcionar por alegadas falhas nos editais, apontadas pela
Procuradoria-Geral e pela Controladoria-Geral do Estado.
Argumentam
os dois órgãos que o governo deve justificar, já na licitação, a localização de
cada aparelho, para que não se repita o que ocorreu quando da denúncia, feita
em reportagem do Fantástico, da Rede Globo, sobre irregularidades na
contratação dos serviços junto a empresas privadas.
Compreende-se
que, na tentativa de evitar a reprise dos mesmos erros, instituições destinadas
a fiscalizar gastos públicos se preocupem com aspectos formais dos editais
elaborados pelo Daer. Mas é surpreendente, ao mesmo tempo, que uma questão
diretamente relacionada à segurança nas estradas sucumba a tantos conflitos
dentro do governo.
Está
claro que todos os envolvidos na solução do impasse originado há dois anos
deveriam ter evitado dois anos de imbróglio. Os protagonistas dos desacertos
convivem entre si. A desculpa de que cada instituição cumpre sua função e tem
autonomia e independência não é razoável, quando o que deveria prevalecer é a
convergência de esforços em nome do interesse e do bem comum.
O
desencontro é mais um exemplo de como a burocracia estatal produz inoperância.
Os controladores são decisivos para a prevenção de acidentes, além de cumprirem
tarefa educativa. As partes em conflito devem superar logo as divergências, que
certamente não são apenas técnicas, mas de disputa de espaço e poder.
É
inconcebível que o Estado não consiga, num período de dois anos, retomar um
serviço que, pelos indícios citados, não deve considerar prioritário.
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