17 de outubro de 2012 | N° 17225
PAULO SANT’ANA
Necrológio
Solicitei ao Ibsen Pinheiro que
me escrevesse um texto imaginando o meu enterro, os discursos dos pósteros, os
elogios, a multidão.
Ele escreveu o seguinte e eu
transcrevo:
“Não esqueci a encomenda para
escrever teu necrológio. Vou fazer do modo combinado, antes da tua morte e,
naturalmente, da minha.
A ideia é de gênio, pois é tua.
Consideras uma injustiça que alguém não possa assistir ao segundo ato mais
relevante da sua vida (opa!), depois de ter perdido por desatenção o primeiro.
Difícil apontar sensação mais
gratificante do que escutar elogios, especialmente os exagerados, sem falar nos
melhores, os imerecidos, e ver os amigos emocionados e os inimigos calados.
No seu famoso elogio aos mortos,
Péricles analisou o chavão e concluiu que, ao contrário da aparência, esse é o
maior momento da sinceridade humana, pois não se move pela inveja e não corre o
perigo de ser desmentido pelos atos futuros do elogiado.
Gostei muito da ideia e passei a
achar que ela deve ser compartilhada. Vamos todos trocar necrológios. Condição:
uma certa idade. Ou incerta, sempre de difícil confissão/comprovação. Que tal
70 anos? Setentões já estão no lucro. Provaram que ao menos uma morte não é
inevitável, a precoce.
Quanto ao formato, é melhor
fazê-lo ao vivo, enquanto é tempo. E via oral, uma especialidade que se adquire
com os anos. Reuniríamos os setentões de uma patota, a nossa, não a dos
colorados, pois tu ficarias de fora, nem a dos gremistas, que, como se sabe,
são imortais, e trocaríamos necrológios discursados. A patota da Rua da Praia,
que inclui a todos, até os passageiros.
Na falta do Capri ou do Café
América, deve existir por lá, ainda, um bar ou restaurante, mesmo sem porta
para a calçada. Mas tem que ser logo, não queremos desfalques de última hora.
Fica a ideia. Já estou rabiscando
tuas últimas palavras. Abraço setentão do (ass.) Ibsen Pinheiro”.
O campeonato brasileiro está
imerso num escândalo. Nas quatro últimas partidas (sucessivas) do Fluminense, o
tricolor carioca foi premiado por vários e decisivos erros de arbitragem que
lhe deram os 12 pontos. Eram pênaltis que não havia a favor do Fluminense,
pênaltis que o Fluminense cometia e os árbitros ignoravam, faltas invertidas
que redundavam em gols do Fluminense, uma roubalheira escancarada que vai
acabar manchando o título do Fluminense, praticamente já assegurado.
E o Atlético ganhou de presente
um pênalti inventado para poder vencer o Sport e assim tirar na marra, na
desonestidade, no escândalo, o segundo lugar do Grêmio.
Uma máfia está montada na CBF
para dar o título ao Fluminense: a prova está no que o Cacalo constatou ontem:
nos últimos 10 jogos do Fluminense, não apitou sequer um árbitro da Fifa, isto
é um indicativo de que a máfia escolheu juízes sem futuro e sem responsabilidade
para brindar o Fluminense com verdadeiros roubos, vergonhosos favorecimentos.
Só não vê quem não quer, é um
campeonato de botequim, arranjado, viciado, mexido, roubado.
Roubado!
E vocês se lembram de que há 18
dias comecei a perceber a mutreta e botei a boca no trombone no Sala de
Redação?
Agora já está todo mundo
denunciando o escândalo.
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