terça-feira, 23 de outubro de 2012



23 de outubro de 2012 | N° 17231
PAULO SANT’ANA

Mensagem ao governador

Atenção, governador Tarso Genro e sua assessoria. Zero Hora estampou domingo o maior escândalo social gaúcho: morre um preso a cada três dias, 120 presos por ano, nas cadeias gaúchas.

Reaviso o governador: esses 1,2 mil presos que morrem a cada década no RS são levados à morte (grande escândalo!) pela tuberculose, por broncopneumonia e por assassinatos, a maioria deles por enforcamento.

Senhor Tarso Genro, sabe como enforcam os presos no RS? Reúnem-se na cela ou na galeria diversos presos, formam um conselho de sentença, condenam um deles à morte, pedem a ele que traga uma corda e um banco, ela a enlaça no pescoço e um dos presos dá um pontapé no banquinho.

Isso acontece em nossas barbas, em pleno século 21.

O que têm a dizer sobre isso os nossos dirigentes penitenciários?

É vergonhoso que o Estado tenha a sua mercê os presos doentes e não trate de sua saúde. É vergonhoso que morram apodrecidos por tuberculose, doença de fácil tratamento, os presos gaúchos. É vergonhoso!

E os assassinatos por enforcamento? Quanta dor, quanto medo dentro das galerias, o apenado achando que ele será o próximo escolhido para morrer.

Governador Tarso Genro, desculpe, mas isso não pode continuar.

Eu não durmo direito sabendo como morrem milhares de presos nas nossas cadeias

Conheço o governador Tarso Genro, ele também não deve estar dormindo direito.

As doenças de que morrem os presos são de fácil tratamento. Isto quer dizer que os presos não são tratados.

E os enforcamentos? Que vergonha. Isso agora não vai ficar assim. Serão chamados ao Piratini os dirigentes prisionais. Têm de ser chamados e têm de pôr cobro imediato a este opróbrio.

Não é possível levar adiante um governo com presos morrendo de doenças fúteis e condenados por outros presos ao enforcamento.

Não é possível. Algo tem de ser feito e confio em que Tarso o fará.

Se morrem inúmeros por enforcamento, imaginem a situação de terror que vivem todos nos presídios.

De cada 10 mortes nos presídios da Região Metropolitana, informou ZH, quatro dos mortos têm HIV.

Doença e terror, em pleno século 21, quando se enganam os que pensam que está tudo bem ao nosso redor. Em verdade, está tudo caindo aos pedaços.

As execuções penais, atribuições da Justiça, têm de tomar providências sobre esse descalabro.

O pior de tudo é que, diante dessas mortes, muita gente do público, que quer ver os detentos mortos ou sendo maltratados, vibra.

Isso é o pior.

O destino me tratou mal: eu não deveria ter vindo ao mundo nessa época vergonhosa.

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