segunda-feira, 15 de outubro de 2012



15 de outubro de 2012 | N° 17223
PAULO SANT’ANA

De novo os chatos

De novo, roubaram para o Fluminense ganhar da Ponte Preta, e, para mal dos pecados, o Grêmio colocou em campo um time caricatural, o que prova que a direção tricolor não teve o mínimo preparo para formar um plantel neste ano.

Este Leandro e este André Lima não podem jogar na várzea. Chegou ao ponto de Luxemburgo substituir um centroavante por um meio-campista. O Grêmio não tem plantel, não tem meia-cancha, não tem ataque, não tem reservas, só tem a imortalidade da sua camiseta.

O homem é um ser gregário e um animal sociável. Mas é impossível cumprir esta sentença se se tiver que conviver com chatos.

Não há nada que mais nos remeta para a solidão que os chatos. Se não existissem os chatos, não existiria a solidão.

A solidão, assim, não passa de uma fuga dos outros.

Sendo também assim, não se justifica a solidão se há a possibilidade de nos encontrarmos com pessoas agradáveis.

E se você se encontra num lugar agradável e cercado de pessoas e assuntos agradáveis e ainda assim opta pela solidão, então o chato é você.

O mais intrigante no chato é que ele, no seu exercício de chatice, está se esforçando por ser agradável.

Outra característica do chato: ele pensa convictamente que se ficar calado acabará se tornando chato.

Tem também aquele chato que faz uma pergunta a você, e você não responde. Então, ele repete a mesma pergunta, você continua a não responder. Quando ele pergunta pela terceira vez a mesma coisa e você decide então responder, ele insiste que agora tem direito a três respostas.

O chato é monocórdio e não perde tempo: se você se recusa a atender um chato, ele depressa procura um outro pra chatear.

O chato é proficuamente produtivo em chatices que ele necessita fazer transitar. Chato detesta chatice com demanda reprimida.

Um chato muito comum é o que vai jantar com amigos e, em meio à fuzilaria das conversas, sempre interrompe assim: “Eu agora vou contar uma história...”.

Ora, o agradável num jantar ou numa roda de bate-papo é que um diga uma coisa e o outro diga outra, frases rápidas, dando ensejo a que todos se manifestem.

Quando alguém, em meio a uma roda dessas, ameaça contar uma história, quebra todo o molejo do encontro, tomando para si um tempo que era de todos.

Outro chato proverbial: “Já leste o que livro que te dei?”.

O chato profissional conta com um arsenal de no mínimo quatro telefones celulares. A gente não atende ao telefone que está tocando porque aparece no vídeo o número do chato, e ele desliga e liga em seguida de um segundo aparelho.

A gente se encontra desastradamente com um chato e começa uma enfadonha conversa. Mas eis que surge um segundo chato e se incorpora à tríplice conversa. Então a gente mente que tem um compromisso e se retira depressa, saindo eufórico, achando ter sido genial, por deixar dois chatos se chateando. Lego engano, chato não chateia chato, eles têm anticorpos.

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