21
de outubro de 2012 | N° 17229
PAULO
SANT’ANA
Gastar ou
poupar?
Nunca
distingui direito se dinheiro foi feito para gastar ou para poupar.
Muitas
vezes, me vejo indeciso sobre se devo guardar determinada quantia em dinheiro
que ganhei ou se devo gastá-la.
Tenho
certeza de que você, meu leitor ou minha leitora, também não sabe o que fazer
com o dinheiro que porventura recebe: enruste-o na poupança ou dissipa-o no
shopping?
A
gente fala isso e se esquece dos nossos irmãos que recebem todos os meses seu
dinheiro contadinho, o salário justo e insuficiente: estes não têm como poupar
nunca.
Mas,
para aqueles a quem sobra alguma coisa, eu tenho um conselho sábio para sair
desse dilema de gastar ou poupar.
Faça
o seguinte: compre a crédito. Ao comprar um bem a crédito, seja um fogão ou um
carro ou apartamento, você está gastando e investindo ao mesmo tempo.
Ou
seja, desfaz-se do dinheiro, adquirindo algo a crédito. Além disso, você
investe no bem que está adquirindo. Este é um estratagema muito inteligente
para quem fica indeciso entre poupar ou gastar.
É
preciso ter bem presente que o crédito é uma das maiores invenções da
humanidade.
Pelo
crédito, a gente pode gastar, pagando as prestações, antes de ter feito jus ao
valor das prestações, isto é, se gasta para pagar no futuro, só depois de vir
por acaso a receber.
Lembro-me
a propósito de que tudo que adquiri em minha vida foi pelo crédito. Se não
fosse pelo crédito, não teria adquirido nada. Porque só se adquirem à vista
coisas de pequeno valor.
Eu
sempre poupei só pagando prestações. E, em última análise, só gastei com
pagamento à vista em coisas urgentes para minha sobrevivência, como o
supermercado, a farmácia, o restaurante.
Conheço
pessoas humildes que só podem comprar vestidos, roupas e sapatos pelo
crediário. Se não fosse o crediário, teriam de andar nuas pela rua.
Entre
as pessoas das minhas relações, nunca vi uma sequer que tenha adquirido um
carro, um apartamento ou uma casa à vista. E vi que muitas pessoas que conheço
enriqueceram comprando imóveis a prazo.
Tem
gente até que se baseia nisso para comprar bens valiosos a prazo, mesmo tudo
indicando que não vai poder pagar as prestações estabelecidas. “Se o Brás é
tesoureiro, a gente ajeita no final”.
Mas
tem gente que gasta tudo que ganha na hora em que ganha. E tem gente perdulária
que só se sente feliz ao gastar o dinheiro. São os que dizem que dinheiro foi
feito para gastar, no que não deixam de ter um pouquinho de razão.
O
fato indiscutível é que o dinheiro foi feito para dois fins: ou gastá-lo ou
poupá-lo.
E
quase sempre as pessoas decidem fazer uma das duas coisas tendo em vista suas
circunstâncias.
Eu
devo ser como todos: poupo e gasto. E a verdade é que nunca me arrependi nem de
poupar nem de gastar.
Gastar
é bom, mas poupar é previdente.
Gastar
é gozar a vida no presente, poupar é assegurar a vida no futuro.
Mas
com esta incerteza das ruas e essa insistência das doenças, quem é que pode
garantir que existirá o futuro?
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