sábado, 20 de outubro de 2012



21 de outubro de 2012 | N° 17229
PAULO SANT’ANA

Gastar ou poupar?

Nunca distingui direito se dinheiro foi feito para gastar ou para poupar.

Muitas vezes, me vejo indeciso sobre se devo guardar determinada quantia em dinheiro que ganhei ou se devo gastá-la.

Tenho certeza de que você, meu leitor ou minha leitora, também não sabe o que fazer com o dinheiro que porventura recebe: enruste-o na poupança ou dissipa-o no shopping?

A gente fala isso e se esquece dos nossos irmãos que recebem todos os meses seu dinheiro contadinho, o salário justo e insuficiente: estes não têm como poupar nunca.

Mas, para aqueles a quem sobra alguma coisa, eu tenho um conselho sábio para sair desse dilema de gastar ou poupar.

Faça o seguinte: compre a crédito. Ao comprar um bem a crédito, seja um fogão ou um carro ou apartamento, você está gastando e investindo ao mesmo tempo.

Ou seja, desfaz-se do dinheiro, adquirindo algo a crédito. Além disso, você investe no bem que está adquirindo. Este é um estratagema muito inteligente para quem fica indeciso entre poupar ou gastar.

É preciso ter bem presente que o crédito é uma das maiores invenções da humanidade.

Pelo crédito, a gente pode gastar, pagando as prestações, antes de ter feito jus ao valor das prestações, isto é, se gasta para pagar no futuro, só depois de vir por acaso a receber.

Lembro-me a propósito de que tudo que adquiri em minha vida foi pelo crédito. Se não fosse pelo crédito, não teria adquirido nada. Porque só se adquirem à vista coisas de pequeno valor.

Eu sempre poupei só pagando prestações. E, em última análise, só gastei com pagamento à vista em coisas urgentes para minha sobrevivência, como o supermercado, a farmácia, o restaurante.

Conheço pessoas humildes que só podem comprar vestidos, roupas e sapatos pelo crediário. Se não fosse o crediário, teriam de andar nuas pela rua.

Entre as pessoas das minhas relações, nunca vi uma sequer que tenha adquirido um carro, um apartamento ou uma casa à vista. E vi que muitas pessoas que conheço enriqueceram comprando imóveis a prazo.

Tem gente até que se baseia nisso para comprar bens valiosos a prazo, mesmo tudo indicando que não vai poder pagar as prestações estabelecidas. “Se o Brás é tesoureiro, a gente ajeita no final”.

Mas tem gente que gasta tudo que ganha na hora em que ganha. E tem gente perdulária que só se sente feliz ao gastar o dinheiro. São os que dizem que dinheiro foi feito para gastar, no que não deixam de ter um pouquinho de razão.

O fato indiscutível é que o dinheiro foi feito para dois fins: ou gastá-lo ou poupá-lo.

E quase sempre as pessoas decidem fazer uma das duas coisas tendo em vista suas circunstâncias.

Eu devo ser como todos: poupo e gasto. E a verdade é que nunca me arrependi nem de poupar nem de gastar.

Gastar é bom, mas poupar é previdente.

Gastar é gozar a vida no presente, poupar é assegurar a vida no futuro.

Mas com esta incerteza das ruas e essa insistência das doenças, quem é que pode garantir que existirá o futuro?

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