ELIANE
CANTANHÊDE
Menos café, mais leite
BRASÍLIA
- São Paulo, Estado, e São Paulo, capital, acostumaram-se a ser tratados no
Brasil como centros do universo -e não apenas por paulistas e paulistanos. Maior
economia, polo irradiador de cultura, berço do PT e do PSDB, base de FHC e de
Lula, tudo parece começar e acabar em São Paulo. Ou parecia.
Nestas
eleições, a presidente da República não se mete nas estripulias de Lula em São
Paulo e prefere cuidar de Belo Horizonte. São Paulo é de Lula e, de Minas,
Dilma cuida.
Ela
vem do PDT e não tem a menor paciência com o PT de São Paulo. Na primeira
oportunidade, livrou-se de Palocci e o trocou por Gleisi. Em seguida, chamou
Ideli. Elas são do PT, mas uma é do Paraná, e a outra, de Santa Catarina. Um
trio feminino e não paulista manda no Planalto.
Agora
mesmo, Dilma estuda alternativas ao líder do governo na Câmara, Arlindo
Chinaglia, do PT-SP, que deixou o pau comendo e viajou na última semana antes
do recesso. Não é coisa que líder faça.
Assim,
Dilma deixa Lula se divertir em São Paulo, mordendo canelas e tentando trucidar
o PSDB, enquanto ela cuida da própria reeleição.
Melchiades
Filho já escreveu neste espaço que a eleição de São Paulo reflete o passado,
com Lula versus Serra, e a de Belo Horizonte aponta para o futuro. Perfeito.
É ali
que todos os principais personagens de 2014 testam forças: Aécio Neves, Eduardo
Campos, Michel Temer, Gilberto Kassab. É lá, portanto, a prova de fogo de
Dilma, não mais como pupila, mas como líder. Se Lula pode se dar ao luxo de ser
quase diletante, Dilma tem de se superar e ser pragmática.
Para
Lula, o que interessa é ter o gosto de derrotar a oposição no seu último grande
reduto. Para Dilma, o fundamental é fortalecer os laços com o PT e manter unida
e sob controle sua imensa e ambiciosa base aliada. O laboratório é BH.
É assim
que todas as fichas de 2014 já estão sendo jogadas -e em Minas. Façam suas
apostas.
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