quinta-feira, 12 de julho de 2012



12 de julho de 2012 | N° 17128
CLAUDIA TAJES

Não é velho: tem idade

Ele cochilava na poltrona de calça de pijama listrada (e amarrada bem em cima na barriga), camiseta de física, a persiana fechada, o rádio murmurando uma música de elevador. A avó falava sem som: ninguém faz barulho para não acordar o vô.

Já os netos do Mick Jagger, se encontrarem o avô em casa, verão um corpinho esguio de calça justa (justa é apelido) e camisa colada. Havendo alguma mulher no recinto, será uma sem idade de avó. E todo mundo vai falar gritando, não porque o vô não escute bem, mas porque a música estará alta.

No ano que vem, Mick Jagger e Keith Richards completam 70 anos. Fosse na vida civil, trabalhando por meio século, e no mesmo lugar, possivelmente teriam se aposentado. Não é o caso deles, como também não é o de Caetano Veloso, que vira septuagenário agora em agosto. Ou de tantos outros da minha sincera admiração: Woody Allen, Luis Fernando Verissimo, Adélia Prado, Rubem Fonseca (quase nos seus 90) etc etc etc.

Bom é comprovar que não só os que têm vidas mais interessantes do que as nossas, ou os famosos da Ilha de Caras, chegam aos 50, aos 60, aos 70 e mais na ativa. Meus amigos e amigas, a maioria já avançada no pós-40, segue renovando ideias, planos, romances, tendo filhos. O seu Manfredo, um leitor do jornal com quem troco e-mails, contou que, aos 88 anos, dirige, viaja com a mulher, passa temporadas em Gramado, lê bastante e se diverte. Ainda ontem, ele escreveu: eu não sou velho, eu tenho idade.

Disse tudo, seu Manfredo. Eis aí duas coisas muito diferentes. Para o Mick Jagger e para nós também.

E já que o assunto é rock, minha grande amiga (na vida e para o alto) Katia Suman, inexplicavelmente fora do rádio convencional, neste momento, segue no ar em www.radioeletrica.com. Hoje, pode apostar, vai tocar Rolling Stones lá.

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