sábado, 14 de julho de 2012



14 de julho de 2012 | N° 17130
PAULO SANT’ANA

Abarrotado de papel

Estou enlouquecendo: mandaram-me 192 agendas de 2012, não sei onde ponho tanto papel encadernado.

Além disso, para mal dos meus pecados, enviaram-me nos últimos meses 145 anuários de empresas e organizações diversas.

Há uma sala da minha casa que estou destinando somente para guardar toda esta papelama, mas já está quase lotada.

Também me enviam aos magotes relatórios administrativos e financeiros de inúmeras empresas gaúchas, não sei como imaginam que eu possa ter em minha residência um reciclador de papel útil.

O que é que tenho de ver com relatórios anuais de empresas e bancos? Como imaginam que eu possa ler tudo isso sem ter nenhum interesse em conhecer seus indecifráveis conteúdos?

Basta, chega de me mandarem papéis! Piedade, não me agridam com tanta celulose industrializada!

E se ainda fossem poemas de autores nacionais e portugueses, eu então os receberia de bom grado.

Mas não, são textos que leio como se fossem hieróglifos, não entendo nada.

Calendários de 2012 me enviaram mais de 2 mil.

E o pior: já começaram a chegar os calendários de 2013 aqui na minha mesa, afinal o que pensam que sou?

Estes dias me mandaram um relatório plurianual do Banco do Brasil que pesava 17 quilos: foram destacados dois contínuos de Zero Hora para sobraçá-lo e trazê-lo até mim.

Basta! Basta! Enviem daqui por diante esta papelada para o David Coimbra ou para o Roger Lerina, eles têm mais tempo para ler!

O narrador Pedro Ernesto estava muito gordo porque comia demais (toda vez que vou ao bar da Redação noto o Pedro Ernesto comendo um grande sanduíche...), como vou ao bar oito vezes por dia, calculem o que come aquela criança.

Mas então o Pedro Ernesto tomou a seguinte decisão: submeteu-se a uma cirurgia de redução do estômago.

Dias depois, convalescendo da cirurgia, eu vi com os meus próprios olhos o Pedro Ernesto comer, num churrasco para o qual fomos convidados, um cabrito inteiro. Repito: comeu um cabrito inteiro. E antes de devorar o cabrito, jurava que agora tinha virado vegetariano.

Todas as noites, quando vai dormir, o Pedro Ernesto enrola numa outra fronha um pernil inteiro assado e põe debaixo do seu travesseiro para qualquer emergência.

O Pedro Ernesto anda de um jeito que come a vaca e sai correndo atrás do terneiro.

O Pedro Ernesto consegue comer mais, calculem, que o próprio Lucianinho Périco, que, como todos sabem, engoliu 62 bolinhos de batata num coquetel da confraria outro dia.

Ando tão desesperado por ser gremista que, anteontem, em quatro horas de insônia, cogitei em pedir que o Odone trouxesse de volta para treinar nosso time o Julinho Camargo.

Como o Pelaipe vendeu o Victor para o Atlético Mineiro dois dias antes do Grêmio jogar contra o próprio Atlético, para se vingar o Pelaipe comprou do Santos, a quem o Grêmio enfrentaria dois dias depois, o Elano.

A direção do Grêmio só age por imitação.

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