ELIANE
CANTANHÊDE
"Atrevido e escandaloso"
BRASÍLIA
- O ministro Celso Amorim gosta de recorrer a uma máxima quando se trata de
garantir recursos para a sua pasta: "Mulher, mala e verba pública, cada um
cuida da sua". A máxima cabe perfeitamente no caso do mensalão.
Às vésperas
do julgamento pelo STF, a imprensa se prepara como se fosse uma Olimpíada, e os
nervos dos juízes, partidos e advogados estão à flor da pele. Imagine os dos réus...
O ex-presidente
do PT José Genoino diz que não tinha nada a ver com aquilo tudo, pois só assinava
o que os, digamos, escalões inferiores lhe enviavam. Já o ex-tesoureiro Delúbio
Soares (alvo dos maiores atos petistas de solidariedade) diz o oposto: que era
quase um bagrinho e só executava o que os, digamos, escalões superiores lhe
determinavam. Alguém está se subestimando aí.
José
Dirceu, o "chefe da quadrilha", segundo a peça da Procuradoria-Geral
da República, encampada pelo relator Joaquim Barbosa, preferiu se preservar do
empurra-empurra e correu para o colo da mamãe no interior de Minas, certamente
esperando pelo pior.
E
Roberto Jefferson, que detonou o esquema em entrevista a Renata Lo Prete, na
Folha, atribui o câncer no pâncreas a "pressão, tensão, sofrimento". Acha
que é mera somatização, apesar de sua mãe ter tido o mesmo tumor há 11 anos -e
estar bem, como se deseja ao ex-deputado.
Falta
defesa e sobram táticas, enquanto os 11 ministros do Supremo estão espremidos
entre o PT, para "evitar o linchamento moral", e os adversários
petistas, para botar todo mundo na cadeia.
Quanto
ao efeito nas eleições municipais, o PT teme, os adversários torcem e o
professor da USP Lincoln Secco descarta: 75% dos militantes se filiaram nos
dois mandatos de Lula. Podem cair canivetes e provas, e eles votarão com o
partido.
A
questão, portanto, não é como o julgamento afeta o PT. É como -e se- atinge o
seu grande eleitor: Lula.
elianec@uol.com.br
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