A guerra global das mídias e das
culturas
Mainstream,
palavra de origem norte-americana que significa o que é feito, especialmente em
termos de cultura, para o grande público, o que é dominante, popular. A cultura
mainstream pode ter conotação positiva, no sentido de ser “cultura para todos”;
ou, de outro lado, conotação negativa, quando pretende ser “cultura
hegemônica”.
Os
filmes mainstream são direcionados para o grande público, a mídia desse tipo
visa forte comunicação com as massas e os produtos são os destinados a agradar
todo mundo. Em Mainstream - A guerra global das mídias e das culturas, o doutor
em sociologia, pesquisador, jornalista e professor Frédéric Martel, que
apresenta o principal programa de informação da Radio France sobre as
indústrias criativas e os meios de comunicação, trata do tema com profundidade,
clareza e elegância.
Resultado
de vasta pesquisa de campo conduzida pelo autor em 30 países durante cinco
anos, e com base em mais de 1,2 mil entrevistas em todas as capitais do
“entertainment”, a obra analisa a ação dos protagonistas, a lógica dos grupos e
faz um acompanhamento da circulação de conteúdos em cinco continentes.
O
autor demonstra que, se os produtos mainstream não são nececessariamente
artísticos, as estratégias que permitem sua criação e difusão não deixam de ser
fascinantes.
O
autor explica porque o modelo de entretenimento norte-americano triunfou, e
porque o modelo europeu declinou. Frédéric mostra como se produz um
best-seller, um hit ou um blockbuster e esclarece porque a Coca-Cola e a pipoca
desempenham um papel decisivo na indústria do cinema.
O
autor mostra como Bollywood seduz os africanos e como as novelas brasileiras
seduzem os russos. Com tradução de Clovis Marques, os textos do autor, acima de
tudo, mostram com consistência a verdadeira guerra global das mídias e da
cultura e explica o que é necessário para agradar a todos, em qualquer lugar do
mundo. No cerne dessa guerra está a cultura mainstream, com novos países
emergindo, com a internet multiplicando seu poderio. Na Índia, na Arábia
Saudita e no Brasil, luta-se pelo domínio da web e pela vitória do
“soft-power”.
Enfim,
um livro fascinante sobre a geopolítica da cultura e das mídias ao redor do
mundo. Uma obra de interesse universal, feita com elementos que vão de
Hollywood a Bollywood, passando pelo México e outras bandas. Civilização
Brasileira, 490 páginas, mdireto@record.com.br.
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