sexta-feira, 13 de julho de 2012



A guerra global das mídias e das culturas

Mainstream, palavra de origem norte-americana que significa o que é feito, especialmente em termos de cultura, para o grande público, o que é dominante, popular. A cultura mainstream pode ter conotação positiva, no sentido de ser “cultura para todos”; ou, de outro lado, conotação negativa, quando pretende ser “cultura hegemônica”.

Os filmes mainstream são direcionados para o grande público, a mídia desse tipo visa forte comunicação com as massas e os produtos são os destinados a agradar todo mundo. Em Mainstream - A guerra global das mídias e das culturas, o doutor em sociologia, pesquisador, jornalista e professor Frédéric Martel, que apresenta o principal programa de informação da Radio France sobre as indústrias criativas e os meios de comunicação, trata do tema com profundidade, clareza e elegância.

Resultado de vasta pesquisa de campo conduzida pelo autor em 30 países durante cinco anos, e com base em mais de 1,2 mil entrevistas em todas as capitais do “entertainment”, a obra analisa a ação dos protagonistas, a lógica dos grupos e faz um acompanhamento da circulação de conteúdos em cinco continentes. 

O autor demonstra que, se os produtos mainstream não são nececessariamente artísticos, as estratégias que permitem sua criação e difusão não deixam de ser fascinantes.

O autor explica porque o modelo de entretenimento norte-americano triunfou, e porque o modelo europeu declinou. Frédéric mostra como se produz um best-seller, um hit ou um blockbuster e esclarece porque a Coca-Cola e a pipoca desempenham um papel decisivo na indústria do cinema.

O autor mostra como Bollywood seduz os africanos e como as novelas brasileiras seduzem os russos. Com tradução de Clovis Marques, os textos do autor, acima de tudo, mostram com consistência a verdadeira guerra global das mídias e da cultura e explica o que é necessário para agradar a todos, em qualquer lugar do mundo. No cerne dessa guerra está a cultura mainstream, com novos países emergindo, com a internet multiplicando seu poderio. Na Índia, na Arábia Saudita e no Brasil, luta-se pelo domínio da web e pela vitória do “soft-power”. 

Enfim, um livro fascinante sobre a geopolítica da cultura e das mídias ao redor do mundo. Uma obra de interesse universal, feita com elementos que vão de Hollywood a Bollywood, passando pelo México e outras bandas. Civilização Brasileira, 490 páginas, mdireto@record.com.br.

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