16
de julho de 2012 | N° 17132
PAULO
SANT’ANA
Epopeia
gremista
Foi
um domingo emocionante para nós gremistas. Vencemos em Minas Gerais o grande
Cruzeiro, com o detalhe que tornou o jogo uma epopeia para o Grêmio: mais de
metade da partida jogamos com apenas 10 homens.
Desculpem
eu usar a palavra epopeia, mas é que têm sido tão grandes os dissabores
gremistas nos últimos anos que uma vitória como aquela de ontem a nós soa como
notavelmente grandiosa.
A
tarde de domingo foi repleta de emoções para gremistas e colorados.
Em
Minas Gerais, o Grêmio vencia por 2 a 0, mas mais uma vez o pânico se instalou
entre nós porque um zagueiro gremista, muito cedo na partida, foi expulso.
Torcíamos
para que o Grêmio pudesse superar essa grande vantagem que dava ao Cruzeiro,
jogar mais de meio tempo com 10 atletas.
Pois
não é que o milagre aconteceu! Em espetacular jogada de Souza, que passou por
três defensores adversários e serviu Moreno, que ainda driblou um zagueiro
antes de marcar o terceiro gol, o que deixou a torcida gremista, que assistia
ao jogo ou o escutava pelo rádio, eufórica.
O
Grêmio transpunha finalmente o Rubicão: alcançava uma posição relativamente
animadora na tabela de pontos, depois de tantos erros da equipe e de Luxemburgo
neste Nacional. Um milagre.
A
experiência e categoria de Zé Roberto foram essenciais para embromar a reação
cruzeirense. Elano, Gilberto Silva e Souza notáveis ao lado de um Moreno que
finalmente deslanchou de seu purgatório técnico.
Situação
dos torcedores gremistas durante mais de uma hora ontem: o Grêmio com 10 homens
em Minas, o Santos com 10 homens no Beira-Rio. Pois não é que o Grêmio alcançou
a vitória e o Santos não foi derrotado!
Ou
seja, a tarde foi prodigiosamente favorável ao Grêmio, o Santos perdeu dois ou
três gols, a torcida colorada que se acotovelava espremida na parte exígua do
Beira-Rio que sobrou das reformas gritava “burro, burro!” para Lourival, e
Luxemburgo se reconciliava com a alma gremista com a grande vitória fora de
casa.
Um
domingo esfuziante.
Usei
minhas botas irlandesas para neve, adquirida em Dublin há 39 anos, em Nova
Prata, durante o dia e meio de homenagens que recebi do prefeito Vítor e da
comunidade local ontem e anteontem.
Os
neopratenses me cumularam de gentilezas, cantei no Bar Maria Loca superlotado
na noite de sábado, comi churrasco e galeto por todos os lados, os deficientes
da cidade me prestaram honras na Câmara de Vereadores ao dançarem, eles mudos e
surdos, um tango junto às tribunas, o que foi uma demonstração heroica de
quanto podem resistir aos percalços da vida os que são por ela desfavorecidos.
Foi
de chorar e fazer as pessoas que saíram aqui de POA e foram até Nova Prata na
minha caravana se sentirem entre comovidos e entusiasmados.
Vim
de lá ontem com a minha alma lavada. É particularmente significativo para um
jornalista ir ter com seu público distante e ver sua coluna ter tido leitura
obrigatória por um decreto municipal.
Obrigado,
Nova Prata!
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