sexta-feira, 27 de julho de 2012



27 de julho de 2012 | N° 17143
ESCOLHA DA PRENDA

Beleza não põe mesa no galpão

Uma proposta polêmica sobre a escolha da Primeira Prenda do Estado será votada hoje pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). O concurso eliminaria a beleza como um dos critérios para a soberana dos galpões. Outra mudança: deslizes de português não vão ocasionar em perda de pontos

Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu? Se depender dos concursos de prenda do Estado, a rainha má do clássico dos irmãos Grimm pode ficar despreocupada: beleza não é o principal quesito para eleger a Primeira Prenda do Rio Grande do Sul. E, hoje, será votada pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) uma proposta que prevê eliminar a beleza como um dos critérios para a escolha das soberanas dos galpões.

Até o concurso passado, a planilha de notas contabilizava, no máximo, dois pontos e meio pela beleza das concorrentes. Pouco, se comparado aos 35 pontos da prova escrita e aos 18 referentes às habilidades artísticas. Ainda assim suficiente para que a 22ª Região Tradicionalista se sentisse incomodada. Para o coordenador José Roberto Fischborn, autor da proposição, o julgamento estético tende para a discriminação e foge às regras principais do concurso.

– Dentro desse contexto atual, como é que vamos dizer para uma prenda mirim e juvenil que ela é menos bonita do que a outra? Perdemos embasamento legal, não podemos dizer que uma prenda precisa melhorar a beleza. O que ela vai entender com isso, que vai ter que nascer de novo para ser mais bonita? – diz Fischborn, justificando que a ideia do Primeira Prenda é incentivar ao tradicionalismo e não gerar trauma.

A prenda precisa ter cultura, diz Nilza Lessa

A avaliação da proposta de mudança no regulamento do concurso ocorrerá durante a convenção anual do MTG, que se inicia hoje em Guaporé. Se aprovado, os dois pontos e meio serão incorporados a critérios considerados menos subjetivos, como o vestido, a maquiagem e a maneira como se comunicam com os jurados. A permanência ou retirada do quesito beleza será julgada por 250 tradicionalistas.

Dentro do movimento, as respostas preliminares se mostram favoráveis à mudança. A patrona dos Festejos Farroupilhas, Nilza Lessa – viúva de Barbosa Lessa, artífice do MTG – explica que a prenda precisa ter cultura e entender da tradição gaúcha, o critério beleza seria secundário e, por isso, não precisa ser julgado. O presidente do Movimento Tradicionalista, Erivaldo Bertolini, diz que a beleza é um quesito sem valor.

– Esse é um item que nunca deveria ter existido. Não existe fórmula para explicar quem é bela e quem não é – conclui o presidente do MTG, Erivaldo Bertolini.

joice.bacelo@zerohora.com.br marielise.ferreira@zerohora.com.br

JOICE BACELO E MARIELISE FERREIRA

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