sábado, 21 de julho de 2012



22 de julho de 2012 | N° 17138
PAULO SANT’ANA

Crime e Castigo

Não há tortura maior que telefonar para uma empresa ou repartição qualquer, pedir para falar com alguém, a telefonista dizer que espere um minutinho, e a gente ficar ouvindo durante tempo muito maior uma musiquinha. Que calvário!

Terça-feira passada, na solenidade de lançamento pela RBS da programação sobre a Copa do Mundo de 2014 para o mundo publicitário, no Dado Bier, chamaram-me para falar sobre minhas experiências em coberturas de várias competições que envolviam o maior certame mundial futebolístico.

Fiz um pequeno improviso de dois minutos e meio, que deixou a plateia tão embevecida que não poderia furtar dos meus leitores a minha fala: “Senhor prefeito, José Fortunati, senhor presidente da RBS, Eduardo Melzer, meus senhores, minhas senhoras. Entre as mais vívidas experiências que tive em Copas do Mundo, há duas que destaco aqui.

A primeira foi na segunda Copa do Mundo da Alemanha, quando num dia, em Munique, depois de adiantar todos os meus compromissos profissionais do dia seguinte, não sem antes comparecer à cervejaria que era frequentada por Adolf Hitler na capital da Bavária, peguei um trem e me dirigi à cidade austríaca vizinha, Innsbruck, único lugar nas imediações onde havia um cassino. Andei duas horas e meia de trem e fui jogar roleta e maquininha no cassino austríaco, para matar a minha sede ancestral de vício do jogo. O cassino fechava às três da madrugada e eu fui para a estação ferroviária, ia voltar de trem a Munique.

O trem só saía às seis horas da manhã e eu me deitei no chão da estação, onde havia cerca de 40 turistas japoneses autoembrulhados em sacos de dormir, também espalhados pelo chão. E minha segunda experiência que quero contar foi na primeira Copa do Mundo da Alemanha, parece-me que em 1974, quando eu estava na Floresta Negra e me disseram que ali perto tinha um cassino, acho que na cidade de Baden Baden, onde havia jogado roleta o grande e célebre escritor russo Dostoiévski.

Me toquei para o cassino à noite e, lá chegando, passei a apostar na roleta nos mesmos números que eram jogados por Dostoiévski, o 8 e o 11, o 14 e o 17, o 23 e o 24, o 29 e o 32, todos na coluna do meio. Em pouco menos de 50 minutos, não tendo dado nenhum dos meus números, isto é, os números de Dostoiévski, eu havia perdido tudo que tinha, US$ 1.500, justamente a quantia das diárias que recebi da RBS, e ainda restavam 20 dias para terminar a Copa.

E eu pelado. Foi aí que, não tendo dinheiro sequer para o táxi, fui a pé para o meu hotel, que distava cinco quilômetros do cassino. Durante a caminhada longa, cansativa e noturna, eu ia meditando sobre meu prejuízo no jogo e sobre duas obras literárias máximas de Dostoiévski: O Jogador e Crime e Castigo. Tenho dito (Palmas).”

É muito difícil ganhar do Botafogo lá no Engenhão. Mas, se o Grêmio alcançar uma vitória neste domingo, seremos obrigados a considerá-lo um dos candidatos ao título nacional de 2012.

Com três vitórias consecutivas, duas fora de casa, ninguém poderá se furtar a classificar o time de Luxemburgo como pretendente à conquista do laurel máximo nacional.


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