Tripla
jornada feminina
Faz muito tempo que a mulher era só dona-de-casa e suas
ocupações eram cuidar do marido, da casa, dos filhos, das refeições e de outras
tarefas tradicionalmente femininas. Muitas mulheres até sentem falta de uma
vida mais tranquila. Especialmente
depois dos movimentos feministas e da revolução sexual dos anos 60 do século
passado e do aparecimento da pílula anticoncepcional, como se sabe, as coisas
mudaram radicalmente.
Mulheres passaram a ter dupla jornada, trabalhando em casa e
fora e, em muitos casos, até tripla ou quádrupla jornada, com mais de um
emprego. Nos últimos anos, em tempos de algumas tendências pós-feministas, há
uma busca de equilíbrio.
As mulheres buscam harmonizar suas múltiplas atividades e
evitar as síndromes da mulher-maravilha e da mulher-polvo, aquelas que fazem
milhões de coisas, no mesmo dia, em vários lugares e ainda por cima querem tudo
perfeito.
O livro As equilibristas, da atriz, consultora em
comunicação, palestrante, publicitária e diretora de teatro Bruna Gasgon é
justamente sobre tudo isto e vem em bom momento. Bruna esclarece, já de início,
e para tranquilizar as leitoras, que é impossível equilibrar, o tempo todo,
casamento, filhos, trabalho dentro e fora de casa, numa jornada no mínimo
tripla. Sua ideia é tirar a culpa e o fardo das mulheres e incentivar a evitar
a famosa mania de perfeição.
Para a autora, a Mulher Equilibrista precisa parar de se
cobrar tanto e necessita aceitar mais limites e imperfeições, que são
inevitáveis. Ao mesmo tempo, Bruna faz questão de homenagear mulheres que
conseguem se envolver até com a chamada quarta jornada, que é, por exemplo, o
tempo dedicado ao trabalho voluntário e aos temas da cidadania, como fazem
Viviane Senna e Lucinha Araújo, mãe do saudoso cantor e compositor Cazuza, para
citar apenas dois casos conhecidos.
No capítulo 10, a obra traz uma “absurda” cronologia do
direito feminino, cobrindo o período que vai desde 1792, na Inglaterra
feminista, até 2006 no Brasil, com a Lei Maria da Penha, passando também pela
aprovação, pela OIT, do direito de remuneração igual para homens e mulheres. A
obra traz o texto da Lei Maria da Penha e uma entrevista com Maria, a mulher e
ativista que deu origem à Lei.
Na conclusão, Bruna fala, com bom humor, do grande defeito
da mulher: ela se esquece de quanto vale. Com abordagem moderna e picante, o
livro ajuda a melhorar a vida e a convivência de todos. Jardim dos Livros, R$
19,90, www.geracaoeditorial.com.br.
Jaime Cimenti
Nenhum comentário:
Postar um comentário