19
de julho de 2012 | N° 17135
PAULO
SANT’ANA
Para, coração!
Parece
que ainda ouço a voz de Altemar Dutra, a quem recordo com profunda saudade, nos
versos de Jair Amorim e Evaldo Gouvea: “Então se deu/ a tarde ia no fim/ o
encontro aconteceu/ que surpresa pra mim/ depois de tanto amar/ de repente eu
te vi/ na calçada a me olhar/ e o que senti/ difícil de explicar/ na rua em
frente a ti/ tanta gente a passar/ neste instante fugaz/ lembranças nada mais”.
Mas
incrivelmente o encontro aquele aconteceu, passo a imaginar. E o que é pior ou
melhor: ela fez um jeitinho de quem quer voltar.
Sabem
lá o que é a gente se sentindo tão distante do amor perdido e de repente
encontrá-la na calçada, e ela, simpática, fazer nada mais que um jeitinho de
quem quer voltar?
Prossegue
Altemar Dutra: “Parece incrível/ naquela hora eu via/ que a gente bem podia/
tudo de novo começar/ mas fui andando/ pela calçada afora/ por que chamar
agora/ quem nunca soube voltar?”.
É,
tristeza não tem fim, lá se foi ela pela calçada, mergulhada na névoa do
passado. E aqui ficam comigo todas as desesperanças, as sentidas recordações de
um tempo feliz que teima em nunca mais retornar.
Meu
Deus, que tristeza insistente. Coração, por que é que tu não paras?
Por
que continuas a bater, coração, inutilmente, se nada mais de graça tem esta
vida depois que ela se foi?
Coração,
por que é que tu não paras? Se de nada adianta mais pulsares, coração, por que
insistes com tuas improdutivas sístoles e diástoles?
Ah,
coração, te percebo apunhalado pelo aço frio do abandono, então por que é que
tu não paras?
Lembras-te,
coração, de quando palpitavas célere e pujantemente apaixonado? Batias
aceleradamente por ela, coração! Valia a pena bateres, tivemos os melhores
instantes de nossa vida a amar-nos perdidamente enamorados. E como era grande,
lembro-me sempre, coração, da tua vibração.
Batias
quieto coração, mas quando ela se aproximava ao longe, começavas a bater num
ritmo frenético. Era ela, viva, inquieta, desejante, que se aproximava.
E eu
e ela íamos caminhando de braços dados pela alameda, crentes de que nunca mais
deixaríamos de ser felizes.
E
trocávamos beijos apaixonados! E trocávamos juras de fidelidade! E caminhávamos
juntos pelas ruas e respirávamos um perfume inebriante que se exalava das
árvores, um aroma embriagador que inacreditavelmente se desprendia das folhas
amarelas de outono caídas no chão.
Coração,
por que é que tu não paras? Não há mais razão para viver. Só o amor contínuo
constrói para a eternidade.
E,
coração, se vires que pode ainda merecer-te a lembrança terna que tenho dela,
acelera novamente, coração, acaso possa, o que não acredito, ela voltar para ti
e para mim, então voltarias a bater enlouquecido por esta bendita e maldita
mulher que deixou marcada em ti, coração, a tatuagem da lembrança inapagável
dela.
Um comentário:
Pois é, esta música chama-se "O Encontro", mas alguém afirma ser "Último Encontro"...j´tentei muito encontrar um MP3 ou uma gravação dela na Internet e até agora nada. Minha mãe tinha esse disco, eu criança cantava todas as músicas dele. E hoje não encontro esta música. Se puder me ajudar a encontrá-la...uma vez eu achei num blog de download, mas meu PC pifou e eu a perdi.
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