11
de julho de 2012 | N° 17127
EDITORIAIS
Os julgadores julgados
Caberá
aos senadores com assento no Congresso decidir hoje, em votação secreta, o
destino de seu colega Demóstenes Torres (ex-DEM/GO, sem partido). Suspeito de
envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, o ex-procurador foi
investigado pela Comissão de Ética e Decoro Parlamentar do Senado.
Por
ampla maioria, a comissão aprovou relatório do senador Humberto Costa (PT-PE) que
considera Demóstenes culpado de quebra de decoro e recomenda sua condenação à perda
de mandato. Essa é a sentença a ser submetida aos pares do parlamentar, no plenário,
na sessão de hoje, a qual, por imposição constitucional, será secreta, não
podendo os senadores sequer abrir o voto, sob pena de anulação do julgamento.
Para
que Demóstenes seja condenado, serão necessários votos favoráveis de 41 dos 81
integrantes da Casa – o próprio acusado participa da votação. Levantamentos
extraoficiais divulgados pela imprensa indicam que 52 senadores se dispõem a
votar pela perda de mandato. A prevalecer o sigilo estabelecido pelo Supremo,
jamais se poderá saber se essa disposição é autêntica ou não, uma vez que
muitos podem mudar de posição no último momento.
O
que não é possível é imaginar que a opinião pública tolerará uma atitude
leniente dos senadores em presença dos malfeitos imputados a seus pares. O
Senado deveria ser a imagem do pacto federativo brasileiro, daí advindo o
simbolismo de sua cúpula voltada para o solo, representando a força emanada da
terra.
Cada
Estado, seja o setentrional e pobre Amapá ou o industrializado e populoso São
Paulo, tem o mesmo peso nessa Casa, materializado numa bancada de três
senadores eleitos sob o princípio do voto majoritário. Infelizmente, nos últimos
anos, esse caráter da Casa Revisora tem se tornado inócuo, aos olhos da população,
diante da grande quantidade de escândalos que vicejam no parlamento.
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