JOSÉ
GOMES DA SILVA
Desejo e realidade
Amanhã,
9 de julho, comemoram-se os 80 anos da Revolução Constitucionalista de 1932. Como
sabemos, trata-se de feriado no Estado de São Paulo referente ao movimento
contrário ao regime autoritário getulista e favorável à promulgação de uma
Constituição democrática no Brasil.
Neste
2012, também transcorre o 25º aniversário da Assembleia Nacional Constituinte,
empossada em 1º de fevereiro de 1987.
São
dois marcos históricos correlatos, que responderam aos anseios de todo o povo
brasileiro de perpetuação da legalidade, de respeito aos direitos coletivos e
individuais e de prevalência dos princípios de civismo e cidadania.
Unida
em torno desses ideais e de consistentes vínculos federativos que, ao longo do
tempo, custaram a vida de muitos brasileiros, nossa população segue coesa, a
cada eleição livre, na busca constante de aperfeiçoamento e avanço de nossa
democracia.
É um
sentimento nacional. Tanto assim que a presidenta Dilma Rousseff, nascida em
Minas Gerais e que, em sua trajetória profissional e política, atuou no Rio
Grande do Sul, Estados com tradição em liberdade e democracia, sancionou no ano
passado a lei 12.430, que, por justiça, inscreveu os nomes de Martins,
Miragaia, Dráusio e Camargo (MMDC), ícones paulistas de 1932, no "Livro
dos Heróis da Pátria".
É notável
como nossa sociedade soube conquistar definitiva democracia ao cabo do século 20,
depois da instabilidade política que marcou a monarquia e numerosas décadas da
república, um fenômeno natural para um país jovem como o nosso.
As
grandes respostas históricas foram a pacífica saga pelas eleições diretas, em 1984,
e a promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988, que sintetizaram
cinco séculos de afirmação política de uma nação, desde o descobrimento,
passando pelo período colonial, o império, a Proclamação da República e a
consagração de um regime de liberdade e respeito às instituições.
Nossa
Carta é pródiga na definição de direitos e garantias. Mas, fruto de compreensível
entusiasmo político após longo período ditatorial, acabou permitindo alguns
exageros. E lhe faltaram mecanismos realistas para, na prática, realizar o que
pretendeu em seus avançados princípios para o bem-estar de todos os brasileiros.
Por
intuírem tais consequências, nossos constitucionalistas estabeleceram no texto
uma revisão. Pena que os cinco anos previstos não bastaram para a sociedade
amadurecer o aperfeiçoamento necessário à realidade, à evolução da economia e
do mundo globalizado. Assim, é preciso entender a Constituição, sempre e cada
vez mais, como norma essencial de um Brasil próspero, justo, democrático e
desenvolvido.
JOSUÉ
GOMES DA SILVA escreve aos domingos nesta coluna.
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