sábado, 28 de julho de 2012



28 de julho de 2012 | N° 17144
PAULO SANT’ANA

Porta aberta

Muitas vezes em minha vida as portas estiveram fechadas ou abertas para mim.

Depois que fiquei conhecidíssimo, é claro que todas as portas se abriram para mim.

Só que quando todas as portas se abriram para mim, por continência ou, por desinteresse, não intentei penetrá-las. Há que se saber quando se tem que penetrar as portas abertas.

Quando eu era criança, fazia grande sucesso no Brasil um cantor: Vicente Celestino, aquele criador imortal de O ébrio.

E um outro grande sucesso dele tinha a seguinte letra sobre portas:

Porta aberta,

tens o emblema de uma cruz

Esta porta não se fecha,

contra ela não há queixas,

são os braços de Jesus.

Porta aberta,

por Jesus de Nazaré

porta aberta

novamente deu-me a fé.

Tenho me defrontado na vida com portas e portinholas.

Muitas vezes, nas portinholas há mais ofertas que nas portas: quando eu, sendo apenas inspetor de polícia, em 1971, ganhei do saudoso Cândido Norberto a oportunidade de falar pela primeira vez no microfone da Rádio Gaúcha, aquela portinhola modesta me catapultou para grandes audiências e, de tabela, para começar a escrever nesta coluna.

Outras portas maiores ou me foram oferecidas e fracassei ou me foram fechadas e me lamentei.

Assim é que depois de uma porta pode vir um abismo. Mas outras vezes após uma porta aberta se descortina um esplendoroso e precioso oásis.

Depende do talento de quem penetra nas portas.

Mas, como tudo na vida, depende muito da sorte.

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