sexta-feira, 20 de julho de 2012



Águas passadas movem o Moinhos, Cine Coral e etc

Sábado passado eu e a torcida do Moinhos de Vento estivemos em frente ao  ex-Cine Coral, em movimentação alto-astral promovida  pelo grupo do Facebook Amigos do Moinhos de Vento, liderado pelo designer e artista plástico Clayton de Araújo. O grupo já conta com mais de 1,2 mil amigos e o jornalista e escritor Carlos Augusto Bissón, autor da já clássica obra Moinhos de Vento - Histórias de um bairro de Porto Alegre (que vai para a terceira edição), fez bela divulgação do encontro, que foi um sucesso bem fotografado.

Os amigos do Moinhos pedem a instalação de um teatro e de outros equipamentos culturais no prédio do antigo cinema, que é um dos tantos espaços não aproveitados da cidade. Se eu fosse proprietário dos preciosos 1,4 mil m2 no coração do bairro, tentaria, para lucrar muito, com a permissão dos condôminos do edifício, instalar, de manhã, uma escola particular bem fina, de tarde, a sede de alguma igreja e, de noite, uma casa noturna.

Claro que estou brincando e aproveitando a piada. Quero mais é cultura! Torço para que, no local, seja instalado um centro cultural, com teatro, cinema, livraria, cafeteria, oficinas culturais e tal.  Aceitaria, com prazer, muuuuito prazer, uma filial do Moulin Rouge, do Lido ou de algum teatro da Broadway. Tá bom, tá bom, pode ser até de um daqueles off-Broadway. Tudo menos aquela área nobre vazia, escura e silenciosa.

Os porto-alegrenses e o bairro pedem e merecem. O Moinhos deve ser, como pretendem os amigos, um bairro conceito, autossustentável e deve continuar a ser um orgulho e uma alegria para Porto Alegre e um local de saúde e lazer para nós todos. Sou completamente a favor da proteção do patrimônio histórico, das tradições, das pessoas e das histórias do Moinhos. Quero mais é que o bairro mantenha sua elegante e europeia fisionomia.

Mas também penso que águas passadas devem, sim, mover o Moinhos e não deixá-lo estagnado. É preciso harmonizar preservação do patrimônio histórico-cultural com estruturas e mudanças que permitam que o bairro permaneça para sempre, com seu charme, sua força, sua história, sua qualidade de vida e que conte um futuro digno. O Moinhos é patrimônio de todos, é um dos bairros com mais história da cidade e precisa ser muito bem cuidado.

A manifestação de sábado passado, a atuação da Associação dos Moradores do Moinhos - Moinhos Vive e o carinho e o respeito que a cidade tem pelo bairro vão ajudar. O espetáculo tem de continuar. Não podemos deixar o samba, a MPB, a música erudita e o all that jazz do Moinhos morrer. Viva o Moinhos! 
Jaime Cimenti

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