terça-feira, 17 de julho de 2012



17 de julho de 2012 | N° 17133
PAULO SANT’ANA

O Inferno de Dante

Não deixa de ser curioso que os velhos recordem com delicioso saudosismo os seus tempos de juventude, e os jovens nem imaginem como serão seus tempos de velhice.

Aliás, os jovens não fazem ideia dos percalços que lhes serão proporcionados pela velhice.

Um jovem – sei porque já fui jovem – não tem ideia da velhice nem da morte.

Já os velhos, estes vivem mergulhados em pensamentos sobre a morte, dada a proximidade que passam a ter com ela quando ingressam na velhice.

Para os jovens, a velhice é uma utopia; para os velhos, a morte é uma certeza palpável.

Um dos círculos do Inferno de Dante Alighieri é transitar todos os dias, na ida e na volta do trabalho, pela BR-116.

É muito triste o que está acontecendo: a Justiça da Suíça condenou João Havelange, ex-presidente da Fifa, junto com seu ex-genro, Ricardo Teixeira, por ter recebido propinas de empresas patrocinadoras da entidade suprema do futebol.

É lamentável assim que um ancião de 96 anos de idade veja agora seu nome ser arrancado do Estádio Engenhão, ele que tinha sido homenageado com a denominação daquela praça de esportes.

E o pior: vão tirar dele também o título de presidente de honra da Fifa.

Nélson Rodrigues escreveu certa vez que “até os canalhas envelhecem”. Seria rigoroso chamar de canalha a quem recebe propina?

Da minha parte, acho que nem todos os que recebem propinas são canalhas. Noto que quem recebe propina e não é descoberto escapa de ser chamado de canalha.

Noto que nossas ideias e conceitos estão impregnados de machismo.

Por exemplo, temos que é mais deplorável ver uma mulher bêbada que um homem bêbado.

E há até mesmo muitas mulheres, além é claro de homens, que julgam ser mais lamentável uma mulher gorda do que um homem gordo.

Tudo isso é puro machismo. Não existe diferença entre homens e mulheres, eu apenas descobri uma única diferença: os homens são mais fortes e resistentes fisicamente que as mulheres, está a provar isso que os recordes conquistados por atletas olímpicos masculinos são mais expressivos do que os conquistados por atletas femininos.

Ou seja, nunca uma mulher alcançará nos 100 metros rasos aquela marca recorde de menos de 10 segundos conseguida por um homem.

Mas, no mais, homens e mulheres são rigorosamente iguais em tudo. Embora as mulheres tenham sido sempre mais numerosas que os homens como beneficiárias de pensões alimentícias.

Alô, alô, Afonso Motta, secretário estadual dos prefeitos, está tudo bem na Secretaria da Saúde, mesmo com a morte de mais de 30 gaúchos por gripe A? Não opino sobre isso, só pergunto.

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