25
de julho de 2012 | N° 17141
EDITORIAIS
ZH
O impasse do ensino superior
Tudo
indica que a queda de braço entre o governo federal e as entidades
representativas dos professores das universidades em greve se prolongará até as
vésperas do envio, pelo Executivo, do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO) ao Congresso.
Como
o prazo para entrada do texto no protocolo do Legislativo se encerra em 30 de
agosto, são grandes as chances de que o início do segundo semestre letivo sofra
atraso. Se essa hipótese pessimista se confirmar, não será o único prejuízo
imposto pelo movimento aos estudantes, uma vez que a greve docente já atingia 57
das 59 universidades federais e 34 dos 38 institutos federais de educação
tecnológica ao término do primeiro semestre.
Num
cenário mundial em que o ensino superior é um dos terrenos decisivos da disputa
entre os países que buscam um lugar ao sol no novo mundo globalizado, não se
pode ignorar o impacto nefasto que a suspensão das atividades nas universidades
por tanto tempo representará para as aspirações brasileiras.
Entre
as exigências dos grevistas, estão reajustes salariais e mudanças no plano de
carreira. O Ministério da Educação sustenta, por sua vez, que não é possível
conceder reajustes sem comprometer o equilíbrio da gangorra orçamentária,
aumentando ainda mais o abismo entre os gastos com o ensino superior, de um
lado, e com o ensino fundamental e médio, de outro.
Esse
raciocínio encontra apoio em pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), segundo a qual o custo por aluno
nas universidades públicas é quase seis vezes maior do que o governo gasta na
educação básica.
Independentemente
das razões esgrimidas pelos dois lados no atual impasse, é preciso que seja
encontrada uma solução de emergência que evite mais danos à vida acadêmica,
especialmente a seu polo mais fraco, o dos alunos. É também chegada a hora de o
Brasil corrigir o equívoco histórico de, em meio à escassez orçamentária,
carrear o grosso dos recursos alocados na educação para o ensino superior em
detrimento da educação básica.
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