04
de julho de 2013 | N° 17481
L. F. VERISSIMO | L.F. VERISSIMO
Um
servilio
Há muito
tempo existiu em São Paulo um centroavante chamado Servilio. Não me lembro em
que times ele jogou, sei que chegou à seleção brasileira. E do Servilio se
dizia que ele jogava sem a bola. Nunca ficou muito claro o que significava
aquilo, jogar sem a bola.
Talvez,
com seu posicionamento ou sua movimentação, ou até mesmo com a ameaça do que
faria se tivesse a bola, Servilio ajudasse a abrir ou assustar defesas. Não era
um jogador espetacular como outros do seu tempo (ele foi contemporâneo de Pelé e
de Rivelino) e tocou na bola um número suficiente de vezes para ser goleador.
Mas,
de acordo com a crônica esportiva da época, o grande mérito de Servilio era
aquele poder meio misterioso de jogar bola longe da bola. E Servilio ficou como
um protótipo do jogador que joga para o time e não para o público, que o público
muitas vezes nem enxerga em campo. Sua função estava no seu nome: Servilio,
para servir os outros.
Pensei
no Servilio ouvindo e lendo os repetidos elogios para Neymar, Fred e etc. depois
da vitória brasileira na Copa das Confederações. Elogios merecidos, mas quase
sempre incompletos. Não incluíam o Oscar. E Oscar é dos jogadores mais
importantes da nascente seleção do Felipão. No jogo contra a Espanha, os três
gols do Brasil tiveram a sua participação.
Ele é
um anti-Servilio na permanente disposição para receber a bola em qualquer lado
do campo, mas é um autêntico Servilio na predisposição para servir o time,
muitas vezes se autoapagando, preferindo o passe preciso e a progressão
consequente à jogada de efeito. Seu pouco físico e sua cara de órfão abandonado
do Dickens podem explicar sua invisibilidade para o público e a crítica, mas
pelo menos o Felipão já deve saber que o ataque para a Copa de verdade tem que
ser organizado à sua volta.
– Quanto
ao resto, estamos bem. Luiz Gustavo – outro neoservilio – foi a melhor surpresa
do esquema do Felipão. E aquela bola que o David Luiz tirou de cima da linha do
gol, num ângulo impossível, mostrou que os deuses da física estão do nosso lado.
Ajuda.
Papo
vovô
A
Lucinda sentou nas minhas costas e eu sugeri que ela usasse minha careca como
um tambor. Resposta dela: “Essa é a coisa mais ridícula que eu já ouvi na minha
vida”. Não sei quantas coisas ridículas ela já ouviu na sua vida curta, mas
minha sugestão bateu todas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário