13
de julho de 2013 | N° 17490
PROJETO
DE NAÇÃO
O gigante visto de
fora
Especialistas
estrangeiros em Brasil discutem as principais causas das manifestações recentes
e que mudanças concretas elas trarão para o país
O
gigante acordou, como atesta o slogan que descreveu a mobilização popular no
Brasil nas últimas semanas, mas estrangeiros dedicados a estudar os movimentos
do grandalhão verde-amarelo – os chamados brasilianistas – avaliam que ele
agora enfrenta o desafio de se manter desperto para garantir conquistas mais
amplas do que a redução nas tarifas de ônibus que lhe interromperam o sono.
Na
opinião de alguns dos mais renomados especialistas internacionais em temas
brasileiros, consultados por ZH para compor um esboço de como estudiosos de
além-fronteiras veem o atual momento no país, o levante das ruas forçou até
agora respostas tímidas das autoridades para problemas colossais que incluem a
corrupção, a falência do atual sistema político-partidário e a má qualidade dos
serviços públicos.
Se o
titã tupiniquim passar por cima de obstáculos como a dificuldade dos
governantes em propor soluções concretas a curto prazo e a letargia do
Congresso para aprovar mudanças profundas, acadêmicos do porte do cientista
político inglês Anthony Pereira, diretor do King’s Brazil Institute, entidade
vinculada ao prestigiado King’s College, de Londres, avaliam que 2013 poderá
ser lembrado como um momento de virada na história do Brasil.
Para
isso, porém, consideram necessário manter a mobilização das ruas a despeito de
circunstâncias que favoreceram seu surgimento, mas podem comprometer sua
continuidade: a falta de líderes e a multiplicidade de reivindicações.
A
greve realizada quinta-feira é vista como um novo desdobramento da insatisfação
popular, mas o sentimento majoritário entre os exegetas da realidade brasileira
ainda é de um certo ceticismo em relação ao alcance das reformas prometidas aos
manifestantes em nível municipal, estadual e federal.
– O
desafio é similar ao do movimento Occupy (inspirado pela ocupação de Wall
Street, nos EUA, em protesto contra a crise econômica): de que maneira
prolongar o entusiasmo e a energia se não forem alcançadas conquistas claras.
Não estou certo do que virá a seguir – analisa o historiador americano Marshall
Eakin, especialista em História do Brasil da Vanderbilt University e autor de
vários livros sobre o país.
Se o
gigante tombar de sono outra vez antes de mudar o rumo do país, alerta Eakin,
talvez desperdice um conjunto de fatores que o puseram a andar pela primeira
vez desde a busca pelo impeachment do então presidente Fernando Collor no
distante ano de 1992.
MARCELO
GONZATTO
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