19 de julho de 2013 | N°
17496
ARTIGOS - José
Fortunati*
Quem sofre não pode esperar
O problema da saúde pública no
Brasil é maior do que podemos aceitar. Milhões de brasileiros ainda enfrentam
filas sem fim, madrugadas cheias de incerteza em busca de atenção médica, um
sofrimento que marca para sempre a vida de quem depende do SUS para resolver ou
minimizar a dor que sente.
Ninguém discorda que a melhoria
da saúde pública demanda gestão qualificada e investimentos consistentes. As
divergências não estão no diagnóstico e, sim, nas soluções sobre o que deve ser
feito a médio e longo prazos, propostas do Governo Federal que estão na mesa
para serem maturadas em grande discussão pública que passará, necessariamente,
pelo Congresso. Mas o que faremos no curto prazo para atender quem não tem
acesso à saúde privada e precisa de saúde já?
Hoje, na prática, a falta de
médicos para atendimento pelo SUS é generalizada, atingindo, inclusive, a
periferia de cidades médias e de todas as capitais. Para se ter uma ideia,
Vitória e Porto Alegre são as capitais com maior número de médicos por habitante
e mesmo assim temos sérias dificuldades para preencher as vagas existentes no
Programa Saúde da Família (PSF).
A presidenta Dilma teve coragem
para atender a demanda da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que atua em
defesa dos interesses dos municípios brasileiros, para a contratação
emergencial de médicos, parte da nossa campanha “Cadê o médico?”, iniciada no
ano passado. Chegamos ao ponto de ter centenas de municípios brasileiros
abrindo mão da construção de Postos de Saúde, UPAS e hospitais simplesmente por
não conseguirem médicos para atender.
Hoje, torcemos para que as vagas
abertas na atenção básica sejam preenchidas rapidamente por profissionais
brasileiros e, na falta destes, emergencialmente por médicos vindos de países
ibero-americanos, com a devida cautela em relação ao preparo destes para atuar
em nossas comunidades carentes.
Acredito que superamos o tabu
corporativista de que médicos formados no Exterior não possam atuar no Brasil.
Em outros países, isso é prática consolidada e incentivada. Na Inglaterra, por
exemplo, 37% dos médicos são estrangeiros; nos Estados Unidos, são 25%,
enquanto que no Brasil representam apenas 1,7%.
Nós, prefeitos, que estamos na
ponta deste processo, temos a obrigação de dar respostas aos cidadãos que nos
cobram a solução desse problema, cuja solução começa com um médico e uma equipe
médica presentes. A construção da saúde pública que queremos passa por muitas
discussões, mas quem sofre não pode esperar.
*Prefeito de Porto
Alegre e presidente da Frente Nacional de Prefeitos
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