19 de julho de 2013 | N°
17496
PAULO SANT’ANA
A sentença do rapagão
Oque achei de mais interessante
entre os manifestantes completamente nus na Câmara de Vereadores é que alguns
deles, pelados da cabeça aos pés, usavam, no entanto, máscaras antigás de
pimenta. Figuras bizarras.
Lancei-me a tantas vanguardas que
sinto leve receio de que elas possam um dia se tornar monótonas.
A mais ecoante das minhas
vanguardas foi ter sido solitário e intrépido ao me lançar contra a Copa do
Mundo no Brasil.
Só fui reconhecido quando as
manifestações das ruas declararam que eram contra a Copa do Mundo no Brasil.
Então todos se lembraram daquele cronista provinciano que verberou a Copa do
Mundo com doentes abandonados nas filas e rejeitados nas emergências.
Há 44 anos, lancei-me na
vanguarda de cercar os parques, uma mentalidade tacanha reage e intimida os
governantes municipais, que continuam as gastar os tubos na tentativa de
conservar os parques, sem sucesso, os vândalos à noite depredam completamente
as plantas e os equipamentos.
Mas ainda não considero a minha
luta vã.
Mas a mais sublime das minhas
vanguardas foi dirigida para denunciar de forma permanente as duas filas do
SUS, a das consultas e a das cirurgias.
Basta acabar com essas duas filas
para solucionar o problema da Saúde no Brasil.
As filas são feitas espertamente
pelos dirigentes do SUS para não atender ninguém, matam os doentes no cansaço
da espera de anos nas filas; se não matam no cansaço, os doentes morrem antes
por causa de suas doenças não tratadas.
Outra vanguarda minha: ataque
veemente desta coluna contra pitbulls e rottweilers, que estraçalharam inúmeras
crianças, idosos e donos dos próprios cães através dos tempos.
A cruzada desta coluna teve
absoluto sucesso, diminuíram os ataques dessas feras às suas vítimas, por força
da alaúza que esta coluna fez contra os donos desses cachorros maus-caracteres.
E assim vou eu, todas as manhãs,
os gaúchos e gaúchas, antes ou depois de tomarem banho, abrem a Zero Hora por
esta coluna.
Já se tornou um ato institucional
no Rio Grande ler esta coluna, as pessoas adquiriram este hábito através dos
anos.
E vou contar um fato insólito
acontecido comigo nesta semana. Acontece que milhares de pessoas, através dos
anos, me disseram sempre a mesma coisa: “O senhor é responsável por eu ter-me
tornado gremista”. Isso eu cansei de ouvir nas ruas.
Mas não é que me aconteceu
espantosamente o contrário nesta semana: um rapagão me apanhou numa esquina da
Rua Miguel Tostes e me disse: “O senhor é o responsável por eu ter-me tornado
colorado”.
Até agora permaneço nocauteado,
tentando interpretar a sentença do rapagão.
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