24
de julho de 2013 | N° 17501
LIVROS
Poesia para ver
Adriana
Calcanhotto lança antologia de poemas para crianças
Adriana
Calcanhotto preparou mais uma surpresa para as crianças. Depois de assumir a
persona de Adriana Partimpim e lançar discos para os pequenos, agora ela
convida para um passeio pela poesia brasileira.
A
cantora e compositora gaúcha acaba de lançar Antologia Ilustrada da Poesia
Brasileira, resultado de um trabalho minucioso, que chegou a tirar seu sono. Será
mesmo que Murilo Mendes não tem poesia para crianças?, perguntava-se no meio da
noite durante o processo em que selecionou – e ilustrou – 48 poemas de autores brasileiros.
No livro editado pelo selo Casa da Palavra, crianças “de qualquer idade”, como
salienta a organizadora, encontrarão ícones da poesia nacional, como Olavo
Bilac, João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade e Mario Quintana,
dispostos em ordem cronológica, do século 19 ao 21.
Adriana
tem shows marcados na Capital nos dias 12 e 13 de setembro, dentro do Porto
Alegre Em Cena. Confira entrevista da cantora, concedida por e-mail:
Zero
Hora – Como você descreveria a sua relação com a poesia e a descoberta desse gênero
quando criança?
Adriana
Calcanhotto – Quando criança, não tinha noção da poesia. Sempre quis aprender a
ler, aprendi com seis anos (porque acreditava que a leitura seria meu
passaporte para o mundo adulto), mas lia prosa, histórias, quadrinhos da Mônica,
do Asterix, mas não sabia que existia poesia. Foi na adolescência que, por meio
da música, comecei a reparar que algumas letras tinham algo diferente de outras.
Nessa época, ouvia muito rádio, e Fagner cantando Ferreira Gullar e Cecilia
Meireles, Vinicius de Moraes e coisas do tipo me inocularam. Em paralelo,
encomendei ao Círculo do Livro, onde pedia livros que não entendia direito o
que eram, o Primeiro Caderno de Poesia do Aluno Oswald de Andrade e então fui
definitivamente picada pela poesia e pelos poetas.
Zero
Hora – Que descobertas que você fez nessa imersão na poesia brasileira?
Adriana
– Que é dificílimo encontrar um poema de Murilo Mendes que fale às crianças,
por exemplo. Fui ficando obcecada, acordava de madrugada, mas afinal encontrei
um, ufa!
Zero
Hora – Como foi processo de criação de cada ilustração para os poemas?
Adriana
– Queria que as ilustrações tivessem espontaneidade, em primeiro lugar. E
trabalhei muito para não “enfeitar” os poemas, queria muito que os poemas
respirassem, não fossem sufocados pelos desenhos, meu norte sempre foi dar espaço
para a imaginação.
Zero
Hora – Na hora de escolher os poemas, você priorizou textos acessíveis a crianças
a partir de que idade?
Adriana
– O livro é para “crianças de qualquer idade”. As que não são ainda alfabetizadas
ouvirão os poemas lidos pelos pais ou por crianças maiores (por isso fui lendo
o livro em voz alta durante o processo de feitura, trabalhei o ritmo do livro
como um todo. Cheguei a trocar alguns poemas (mas não poetas) por causa da
musicalidade. Tenho autografado, nas sessões de lançamento, para crianças de 86
anos, e até mais.
Zero
Hora – Quais foram os seus critérios de seleção de autores e poemas?
Adriana
– Os critérios tiveram a ver, em primeiro lugar, com os desenhos. Se eu pudesse
visualizar a ilustração assim que lesse o poema, tudo certo, eu ia em frente. Troquei
alguns poemas por não achar que a concepção do desenho estava adequada, esse
critério foi o principal. Depois queria muito que o livro tivesse uma cara
brasileira, o Brasil pela perspectiva de nossos poetas.
Zero
Hora – O que a poesia precisa ter para ser desfrutada pela criança?
Adriana
– Eu diria que se o poema tem poesia (porque nem todo poema tem) as crianças
podem desfrutar. A poesia não está só nos poemas, Vinicius de Moraes viveu
poesia, ao invés de apenas escrevê-la.
LUIZA
PIFFERO
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