03
de julho de 2013 | N° 17480
EDITORIAIS
ZH
FINANCIAMENTO PÚBLICO NÃO!
Com
o questionável plebiscito, orçado em cerca de R$ 500 milhões, ou sem ele, é inaceitável
que a malfadada reforma política comece pelo suspeitíssimo financiamento público
para campanhas eleitorais. Infelizmente, em mais uma evidência de falta de
sintonia com a sociedade, este tem sido o primeiro ponto apresentado pelos
partidos e pelos políticos, a começar pelos ocupantes do poder.
Desde
o escândalo do mensalão, a proposta de financiamento público e exclusivo passou
a ser apresentada por algumas lideranças partidárias como panaceia para a
corrupção. O argumento é tão simplório quanto capcioso: com dinheiro público
garantido, os candidatos não precisariam receber doações privadas e se
livrariam do compromisso de beneficiar seus financiadores quando assumissem
seus cargos. Ora, para evitar tal subserviência, bastaria que fossem honestos
no exercício de suas atribuições.
Além
disso, quem acredita neles? Os cidadãos, que já vêm manifestando sua desconfiança
em relação aos políticos em geral, não têm qualquer motivo para crer que os
candidatos se limitarão a gastar em suas campanhas eleitorais apenas os
recursos do Tesouro.
Em
contrapartida, têm todos os motivos para pensar que esse dinheiro será melhor
aplicado se for destinado para obras e serviços voltados para o bem-estar da
população. O custo das campanhas eleitorais não pode recair sobre os
contribuintes, que já pagam tributos elevados demais para os serviços que
recebem do poder público.
Conhecendo-se
a mentalidade da classe política brasileira e a leniência dos órgãos
fiscalizadores, é lógico imaginar que o caixa 2 continuará sendo utilizado a
pleno, mesmo sendo uma ilicitude. Basta lembrar que no episódio do mensalão
muitos dos acusados chegaram admitir esta prática para se livrar de outras
acusações, alguns chegando mesmo a criar espertamente o eufemismo “recurso não
contabilizado”. A esperteza foi desmascarada pela ministra do STF Carmen Lúcia,
atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ao afirmar enfaticamente que
caixa 2 é crime, sim, e que seus executores merecem ser punidos na forma da lei.
Então,
que o TSE e os demais órgãos fiscalizadores façam a sua parte, evitando que o
povo brasileiro caia na armadilha do financiamento público. Vale lembrar que
uma quantia razoável de verbas públicas já vem sendo destinada aos partidos políticos
pelo Fundo Partidário (só no ano passado, mais de R$ 300 milhões) e também por
meio da isenção tributária concedida às emissoras de rádio e televisão em troca
do chamado “horário gratuito” de propaganda eleitoral. Chega de tirar dinheiro
do bolso dos cidadãos para financiar políticos que sequer conseguem representá-los
satisfatoriamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário