FLÁVIA
FOREQUE, JOHANNA NUBLAT E MÁRCIO FALCÃO
DE
BRASÍLIA
Deputados desfiguram plano para atrair
médico
Emendas
do Congresso tentam alterar pontos centrais de projeto de Dilma
De 567
mudanças ao texto, 58 excluem atuação de aluno por 2 anos no SUS ou vinda de
estrangeiro sem exame
Emendas
apresentadas por deputados e senadores à medida provisória que cria o "Mais
Médicos" colocam sob risco os pontos centrais do programa lançado pelo
governo federal para facilitar a vinda de médicos estrangeiros ao Brasil e
adicionar dois anos a cursos de medicina.
Foram
propostas 567 alterações ao texto original. Ao menos 58 delas, de congressistas
da base do governo e da oposição, atingem a espinha dorsal do programa.
Isso
porque excluem a criação do 2º ciclo nos cursos de medicina (em que o aluno
trabalha no SUS por dois anos) ou porque exigem que o médico estrangeiro tenha
seu diploma revalidado para atuar no Brasil --exigência dispensada pelo governo.
"É
a única medida provisória que deu unanimidade, só que contrária. Não conheço
uma pessoa que defenda", diz o deputado Eleuses Paiva (PSD-SP), autor de 31
emendas ao texto do Executivo.
O
relator da medida ainda não foi definido. A comissão que vai analisar o texto
pode ser instalada hoje.
A
deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ) afirma que foi procurada por
universidades públicas que relataram não ter estrutura para manter os
estudantes por mais dois anos na graduação. O texto prevê que os dois anos de
serviço no SUS estariam nos currículos de quem entrar na faculdade a partir de 2015.
As
emendas propostas aumentam as exigências para entrada dos médicos estrangeiros
e limitam o prazo de vigência do "Mais Médicos".
Uma
das mudanças sugeridas determina a comprovação de conhecimentos em português
pelos médicos estrangeiros. Outras definem que o período do programa será de até
três anos --a medida original permite prorrogação por outros três anos.
Ontem,
o ministro Aloizio Mercadante (Educação) disse que o governo está disposto a "aprimorar"
o texto com comissão de reitores criada para debater as mudanças.
Ele
insinuou que os ataques ao projeto partem de uma parcela mais favorecida. Segundo
Mercadante, não houve reclamações entre os estudantes de medicina beneficiários
do Fies, programa de financiamento estudantil do governo. "Porque são
estudantes de medicina pobres, ninguém criticou. Ninguém questionou."
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