segunda-feira, 15 de julho de 2013


15 de julho de 2013 | N° 17492
PAULO SANT’ANA

A laranja e o Dida

Levei tempo, mais precisamente anos, para encontrar um suco de laranja com gosto de laranja.

Os outros todos que tomei durante anos não tinham gosto de laranja, a laranja funcionava só como fundo, o gosto era de conservantes.

Agora, com este suco empacotado que me transmite às papilas gustativas a genuína laranja, parece que estou comendo a laranja, tenho até a sensação de que estou degustando a polpa da fruta.

Aliás, descobri esses dias por que, sempre que tenho vontade de comer laranja, acabo comendo bergamota. É que é uma mão de obra descascar laranja, depois de cortar a epiderme da fruta em espiral, então ainda me defronto com a derme branca, que não consigo com facilidade descolar da laranja propriamente dita.

Sendo assim, dedico-me à bergamota, fácil de descascar e que deve conter as mesmas propriedades nutritivas e antigripais da laranja.

Chego a comer até 10 bergamotas.

Mudando de assunto, quanto ao meu destino, sobre o qual tenho meditado profundamente, é como diz o meteorologista Cléo Kuhn com suas previsões: “O tempo para a semana que vem vai piorar ou melhorar, depende dos ventos e da umidade relativa do ar”.

Se o tempo vai depender da umidade relativa do ar, o meu destino vai depender das humanidades relativas do bar que frequento: se os meus companheiros de libação forem cordiais comigo em todos os inícios das noites, sobreviverei às desilusões.

Li uma sacada homérica sobre a relação psicanalítica que envolve os homens: “O neurótico constrói um castelo no ar, o psicótico mora nele. E o psiquiatra cobra o aluguel”.

Levado pela bondade de um amigo que me deu carona, dirigi-me ontem à tarde para a Arena do Grêmio. A rua Voluntários da Pátria nos deixa com seu trânsito tranquilo no estádio tricolor, que nos parecia distante, familiarizados que estávamos com o Estádio Olímpico há quase 60 anos.

E sentei-me na cadeira, dentro do estádio, e pude ver com os meus olhos, coração tenso, o Vargas plasmar a vitória sobre o Botafogo e, principalmente, o Dida garantir o triunfo.

Dida é fruto dos meus neurônios. Ontem, ele praticou uma sucessão de defesas notáveis, sendo, junto com Vargas, o grande responsável pela alegria da nação tricolor.

Sofri muito com a contratação de Dida. Fui xingado, verdadeiramente humilhado por e-mails que me agrediam por ter escolhido Dida para ser goleiro do Grêmio.

Hoje, calam-se – e devem continuar calados – os que não queriam Dida debaixo da goleira do Grêmio. Já houve vários jogos em que Dida salvou as vitórias.

Isso é para que aprendam com a minha experiência. Quando a bola vai para a área, a torcida descansa porque sabe agora que tem um goleiro que é uma muralha.

É mais uma das centenas de contribuições que entrego ao meu Grêmio.


Bem-vindo, Renato! O time não está pronto. Mas está pronta a nossa esperança.

Nenhum comentário: