15
de julho de 2013 | N° 17492
PAULO
SANT’ANA
A laranja e o Dida
Levei
tempo, mais precisamente anos, para encontrar um suco de laranja com gosto de
laranja.
Os
outros todos que tomei durante anos não tinham gosto de laranja, a laranja
funcionava só como fundo, o gosto era de conservantes.
Agora,
com este suco empacotado que me transmite às papilas gustativas a genuína
laranja, parece que estou comendo a laranja, tenho até a sensação de que estou
degustando a polpa da fruta.
Aliás,
descobri esses dias por que, sempre que tenho vontade de comer laranja, acabo
comendo bergamota. É que é uma mão de obra descascar laranja, depois de cortar
a epiderme da fruta em espiral, então ainda me defronto com a derme branca, que
não consigo com facilidade descolar da laranja propriamente dita.
Sendo
assim, dedico-me à bergamota, fácil de descascar e que deve conter as mesmas
propriedades nutritivas e antigripais da laranja.
Chego
a comer até 10 bergamotas.
Mudando
de assunto, quanto ao meu destino, sobre o qual tenho meditado profundamente, é
como diz o meteorologista Cléo Kuhn com suas previsões: “O tempo para a semana
que vem vai piorar ou melhorar, depende dos ventos e da umidade relativa do ar”.
Se o
tempo vai depender da umidade relativa do ar, o meu destino vai depender das
humanidades relativas do bar que frequento: se os meus companheiros de libação
forem cordiais comigo em todos os inícios das noites, sobreviverei às desilusões.
Li
uma sacada homérica sobre a relação psicanalítica que envolve os homens: “O
neurótico constrói um castelo no ar, o psicótico mora nele. E o psiquiatra
cobra o aluguel”.
Levado
pela bondade de um amigo que me deu carona, dirigi-me ontem à tarde para a
Arena do Grêmio. A rua Voluntários da Pátria nos deixa com seu trânsito
tranquilo no estádio tricolor, que nos parecia distante, familiarizados que estávamos
com o Estádio Olímpico há quase 60 anos.
E
sentei-me na cadeira, dentro do estádio, e pude ver com os meus olhos, coração
tenso, o Vargas plasmar a vitória sobre o Botafogo e, principalmente, o Dida
garantir o triunfo.
Dida
é fruto dos meus neurônios. Ontem, ele praticou uma sucessão de defesas notáveis,
sendo, junto com Vargas, o grande responsável pela alegria da nação tricolor.
Sofri
muito com a contratação de Dida. Fui xingado, verdadeiramente humilhado por e-mails
que me agrediam por ter escolhido Dida para ser goleiro do Grêmio.
Hoje,
calam-se – e devem continuar calados – os que não queriam Dida debaixo da
goleira do Grêmio. Já houve vários jogos em que Dida salvou as vitórias.
Isso
é para que aprendam com a minha experiência. Quando a bola vai para a área, a
torcida descansa porque sabe agora que tem um goleiro que é uma muralha.
É mais
uma das centenas de contribuições que entrego ao meu Grêmio.
Bem-vindo,
Renato! O time não está pronto. Mas está pronta a nossa esperança.
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