30
de julho de 2013 | N° 17507
FABRÍCIO
CARPINEJAR
O impossível é o sobrenome do
medo
Perdemos
mais tempo arrumando desculpas do que vivendo.
Perdemos
mais tempo adiando do que aceitando a dificuldade.
Perdemos
mais tempo explicando a desistência do que enfrentando o sim.
Eu
garanto que a fuga dá mais trabalho do que se encontrar. Porque estaremos
longe, mas com saudade. Porque estaremos protegidos, mas vazios. Porque
estaremos aliviados, mas entediados.
A
vida é simples, milagrosamente simples.
A
esperança é firmeza. Consiste em seguir adiante mesmo com pânico, mesmo com
receio.
Não
há como acalmar o coração senão vivendo.
Parece
que nunca conseguiremos fazer, mas vamos fazer, acredite, toda a vida foi feita
de sustos bons.
Somente
tememos o que é importante. Somente temos dúvidas do que é essencial. Somente
entramos em crise por enxergar com clareza a dimensão de nossa escolha.
Os
riscos valorizam a recompensa.
Viver
não é para solitários. Sempre tem alguém nos chamando para nos acompanhar no
perigo.
Eu
pensei que nunca percorreria o corredor de minha infância caminhando, mas o vô
me esperava do outro lado. Eu caí e ele me levantou com suas mãos de regente.
Eu
pensei que nunca me manteria equilibrado numa bicicleta, mas meu pai fingiu que
segurava a minha garupa e pedalei de olhos fechados com o vento me guiando.
Eu
pensei que nunca aprenderia a ler e a escrever, mas a letra da minha mãe foi a
escada para as histórias.
Eu
pensei que nunca teria uma namorada, mas o beijo veio distraído no recreio da
segunda série.
Eu
pensei que nunca conseguiria nadar, mas os braços foram se revezando até
atravessar a piscina. Eu pensei que nunca passaria no vestibular, mas sacrifiquei
noites e pesadelos para um lugar na faculdade.
Eu
pensei que nunca teria filhos, eu pensei que nunca dividiria a casa com alguém,
eu pensei que nunca seria dependente do olhar de uma mulher, eu pensei que
nunca teria dinheiro, eu pensei que nunca seria feliz.
Eu
pensei, mas fui fazendo. Fazendo. Fazendo. O impossível é apenas o sobrenome do
medo.
Você
acha que somos impossíveis, mas é do impossível que o amor gosta. O impossível
é inesquecível. O impossível é o possível repartido. O impossível é o possível
a dois.
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