27
de julho de 2013 | N° 17504
PAMPIANAS
| SHANA MULLER*
O festival se
perpetua
Voltar
a Cruz Alta é reviver. Retornar aos lugares onde passamos momentos importantes
é como reler o livro da nossa própria história. Vivi na querência de Erico
Verissimo pouco tempo, mas o suficiente para plantar boas amizades e viver
lindos dias.
Cá
estou novamente na “Terra da Lenda da Panelinha” para a Coxilha Nativista.
Minha história com o festival começou há muito tempo. Cá estive na década de
1990 para ensaiar os primeiros passos na música cantando na Coxilha Piá, o
precursor dos festivais infantis do Estado. Adulta, cantei concorrendo, fazendo
show e apresentando ao lado de Eraci Rocha, função para a qual voltei em 2013.
A
Coxilha completou 33 anos e ostenta o titulo de “festival mais antigo
ininterrupto”. Muitos festivais tiveram várias edições, alcançaram seu auge e
depois deixaram de ser realizados. Já se comentou nesta coluna: mais de 60
eventos do gênero chegaram a existir em diferentes cidades em um mesmo ano por
aqui.
Os
festivais tiveram seus momentos de glória e, por muitos motivos, em várias
cidades, caíram no esquecimento. Quem sabe substituídos por alguma festa de
música “fácil”, em que ela é apenas coadjuvante para o entretenimento.
Um
festival de música é um concurso, ou uma mostra, como queiram. É também
movimento para o turismo e o comércio locais. É fato que já tiveram maior
visibilidade, mas seguem guardando um valor importante e reflexões necessárias.
Percebo
isso quando volto à Coxilha. Se analisássemos seu gráfico de êxito,
perceberíamos uma onda que sobe e desce conforme os anos vão passando, e muitos
seriam os aspectos a se analisar para tanto.
Contudo,
os cruzaltenses amam o festival, e esse é um ponto fundamental! Por aqui, o mês
de julho significa tirar o melhor poncho do armário, preparar-se para enfrentar
o frio e aplaudir novas canções. A Coxilha segue sendo o evento mais importante
da cidade e um exemplo. Há que se entender que um festival não é apenas uma
festa, mas uma reunião em torno da arte. A cultura e tantos anos de história
não são propriedade das administrações municipais, mas de seu povo, e precisam
ser perpetuados.
Por
isso, Cruz Alta comemora: sua Coxilha segue de casa cheia, sem nunca ter
deixado de acontecer. Em noites de frio, aquecidas pelos sons do sul, pelas
vozes dos grandes e pequenos cantores! Hoje me junto à cidade no aplauso em sua
noite final e para dizer a sua gente: até o ano que vem!
*Cantora,
jornalista e apresentadora do Galpão Crioulo
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