quarta-feira, 17 de julho de 2013


17 de julho de 2013 | N° 17494
ARTIGOS - Maira Caleffi*

O outro lado de quem salva vidas

Em meio a tantas manifestações populares, parece que o Brasil está começando a rever várias questões que há tempos estavam estagnadas em diversas áreas, com ênfase para a educação e a saúde, que estão no topo das reivindicações dos brasileiros.

A população clama por um atendimento qualificado e integral, em comum acordo com o que defende há 20 anos o Instituto da Mama do RS Imama. Precisamos de diagnóstico precoce e tratamento ágil e qualificado para evitar que tantas mortes aconteçam, principalmente de câncer de mama. Mas também precisamos dar apoio à classe médica e voz a suas reivindicações.

Certamente, não é por falta de interesse ou de profissionalismo que o atendimento na área da saúde ainda deixa tanto a desejar. Faltam recursos para o exercício da profissão. Os pacientes precisam unir esforços na luta pelo acesso a estruturas dignas de atendimento. É preciso ficar muito claro que os médicos não são os vilões. Ao contrário.

Trabalhamos sempre pelas melhores práticas da Medicina. E, principalmente, neste momento atual do país, precisamos estar unidos e contar com o apoio e solidariedade da população para que conheçam o outro lado da história.

Nós, que sempre fomos tão bom ouvintes na hora da “anamnese”, também precisamos ser ouvidos pelos brasileiros e demais governantes. Temos grandes profissionais no Brasil, que são referências mundiais, e com certeza não é apenas a falta de mão de obra que impede o acesso à saúde. Por exemplo, a Lei dos 60 dias, que entrou em vigor em maio – depois de muita luta por parte da classe médica –, está sendo cumprida? O paciente que detectou qualquer tipo de câncer está recebendo o tratamento devido em até dois meses?

E, em caso negativo, toda a população precisa saber o que está impedindo que isso ocorra. O Brasil está preparado? Está bem aparelhado? Tem um número suficiente de técnicos e demais profissionais da área? Não é só por um número maior de médicos que precisamos lutar. Precisamos saber das reais condições de todo o sistema, pois a cada dia perdemos no país mais de 30 mulheres em decorrência somente do câncer de mama.

Por esse motivo, é importante realizarmos uma grande reflexão em meio a tantas manifestações nacionais e, justamente, no período em que realizamos uma nova edição da Semana Estadual da Luta contra o Câncer de Mama, organizada em parceria com a Assembleia Legislativa do RS. Queremos unir esforços e discutir de que forma poderemos salvar cada vez mais vidas! Afinal, acima de tudo, essa é a nossa maior missão!


*MÉDICA MASTOLOGISTA E PRESIDENTE VOLUNTÁRIA DO IMAMA – INSTITUTO DA MAMA DO RS

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