Eliane
Cantanhêde
Afiando as
unhas
BRASÍLIA
- Contra fatos, não há argumentos. Só esperneio, ameaças e a criação de inimigos
fictícios.
Na
economia: a arrecadação federal parou no tempo, praticamente igual à do ano
passado; o corte de R$ 10 bilhões no Orçamento não convenceu; o rombo nas
contas externas cresceu 73% no primeiro semestre, em relação a 2012; os
brasileiros gastaram o recorde de US$ 12,3 bilhões (?!) no exterior em apenas
seis meses.
Mas
o pior é que a geração de empregos, centro do discurso otimista da presidente
Dilma em pronunciamentos internos e mundo afora, começa a sentir o peso de PIB
baixo e inflação no teto da meta. O índice ainda é bom, mas a queda de 20% em
relação ao primeiro semestre do ano passado fez o governo revisar para baixo a
previsão de vagas para 2013.
Na
política: Dilma expôs publicamente sua birra com o PT ao se recusar a ir à reunião
do Diretório Nacional petista, apesar de estar a poucos quilômetros do local do
evento.
Se a
relação com o próprio partido está nesse pé de guerra, imagine-se com os demais
partidos da base aliada. Assim como o PSD, que tinha uma pesquisa pró-Dilma antes
das manifestações, mas subiu em cima do muro depois, também PTB, PDT, PP estão
olhando de longe, de binóculo. E o que eles veem é que, pela primeira vez, o
número dos que aprovam o governo é menor do que os que desaprovam.
Mas
o pior é o PMDB, que, mesmo tendo a Vice-Presidência da República, faz uma
enquete interna perguntando, um a um, se é o caso ou não de manter a aliança
com o PT em 2014. Isso serve para mexer com os nervos de Dilma e com o instinto
de sobrevivência dos governistas em geral.
Tudo,
porém, vai mudar daqui para a frente, pois Lula ressurgiu de Lilongwe e está
"afiando as unhas" para enfrentar os verdadeiros culpados pelo caos
na economia e na política: "as forças conservadoras".
Não
concorda com ele? Então vá se queixar ao bispo, porque o formidável papa
Francisco já vai embora.
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