28
de julho de 2013 | N° 17505
PAULO
SANT’ANA
Nosso maior poeta
Eu
me gabo indevidamente de ser conhecedor da obra de Lupicínio Rodrigues.
Na
verdade, constatei agora que não sei quase nada sobre a obra daquele que pode
ser considerado o maior poeta popular gaúcho de todos os tempos.
Fui
constatar isso agora, quando ouvi quatro CDs de composições de Lupicínio,
dezenas e dezenas de músicas e letras de autoria exclusiva dele.
Bateram
nos meus ouvidos músicas que eu conhecia, mas que não sabia que eram de Lupicínio.
Fiquei
chocado tanto com minha ignorância quanto com a prolificidade do poeta.
Não
sei de onde ele tirou tanta inspiração para falar de amor. Chega até a ser
transmitida a ideia de que Lupicínio era um conquistador de grande número de
mulheres, quando, na verdade, foram quatro ou cinco somente as musas que o
inspiraram.
É que
ele potencializava tanto os seus casos de amor, que acabaram jorrando em suas
letras as brigas que tinha com suas namoradas.
O ciúme
foi fulcro da poesia de Lupicínio. Ele demonstra em toda a sua obra o medo terrível
de que a sua namorada o estivesse traindo. Fez do ciúme a sua obsessão.
Demonstra,
como em todo o ciúme, o medo de perder a amada. Mas não é só medo de perdê-la
que o atormenta. O que mais fazia com que ele sofresse era o medo de perder a
sua amada para outro, bem simbolizado no célebre samba Nervos de Aço: “E depois
encontrá-la em um braço/ que nem um pedaço do meu pode ser”.
Também
espanta em Lupicínio a capacidade que ele teve para atrair o interesse dos
maiores cantores e cantoras brasileiras para gravar suas músicas, desde que se
conhece o fato de que nunca se afastou de Porto Alegre e as gravadoras eram
somente centradas no Rio de Janeiro.
Não
se sabe se ele levava a música para os intérpretes até a então capital
brasileira ou se os cantores ou cantoras o procuravam para conhecer a sua criação.
E
depois que Lupicínio morreu, em razão da repercussão estrondosa que tiveram
suas músicas de dor de cotovelo, os maiores nomes da música popular brasileira,
entre eles Elis Regina, Caetano Veloso e Paulinho da Viola, gravaram suas
composições.
São
cerca de 300 músicas de Lupicínio que foram gravadas.
Talvez
ele tenha sido igualado em quantidade e qualidade de sua obra somente a Noel
Rosa, Herivelto Martins e Chico Buarque de Holanda.
Nunca
se viu tanta coisa boa em tal número. Por isso é que nós, gaúchos, temos tanto
motivo para venerar Lupi, afinal ele conquistou o Brasil com seu estro.
E
tudo isso recolhido aqui no extremo do Brasil.
Foi
uma façanha magistral.
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