terça-feira, 30 de julho de 2013


CAROLIN OVERHOFF FERREIRA - COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

'Entre Nebulosas e Girassóis' tem cenário restritivo e cenas rasas sobre a felicidade

"Entre Nebulosas e Girassóis", drama de Rafael Neumayr, se propõe a interrogar a diferença entre um romance imaginado e sua negação no mundo real. Porém a montagem (direção, figurino e trilha de Cynthia Paulino) esbarra no cenário (Alessandro Aued) como primeiro obstáculo.

Um palco quadrado, dividido em dois triângulos por uma cavidade com água, tem flores coloridas de um lado e uma poltrona com flores mortas do outro. Em vez de estabelecer uma tensão entre realidade e fantasia, a cenografia concebe, assim, um mundo uniforme que lembra o de um conto de fadas.

Não falta apenas a realidade como referência. A concentração espacial restringe demais a atuação.

Quase sempre sentado, um homem velho (Luiz Arthur) conta sua história: quando rapaz, ia a um café para idolatrar uma jovem que não tinha coragem de abordar.

Do outro lado, a garota (Julia Marques) contracena com o alter ego imaginário (Rafael Neumayr) em um namoro idealizado.

Embora o jovem dependa da fantasia de seu criador, a interpretação inexpressiva de Neumayr não se explica por ele ser fictício. Marques trabalha com mais nuances, sobretudo quando seu personagem se revolta contra o papel de criatura e revela seus sentimentos recíprocos.

A atualização do mito de Pigmalião, ao demonstrar crescente falta de credibilidade na oposição entre imaginação e realidade, resulta pouco dramática.

Com cenas rasas sobre a felicidade sonhada, não traça um contraste crível que possa colapsar depois. A montagem da peça ficou aquém das intenções artísticas.

ENTRE NEBULOSAS E GIRASSÓIS
QUANDO hoje, às 20h (último dia)
ONDE Sesc Consolação (r. Dr. Vila Nova, 245; tel. 3234-3000)
QUANTO de R$ 2,50 a R$ 10
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO regular

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