quinta-feira, 25 de julho de 2013


25 de julho de 2013 | N° 17502
PAULO SANT’ANA

“Vou matar”

Recebi um e-mail explosivo e não só por isso o transcreverei agora, mas também para que as autoridades policiais evitem uma morte. Ei-lo:

“Tenho 50 anos e dois filhos, um de 3, outro de 10. Este último tem medo de sair no pátio de casa. Por quê? Simples. É a terceira vez que o mesmo homem entra na minha casa, apesar das grades, alarme e câmeras de TV. Certo da impunidade que o acompanha, ele não tem o menor constrangimento de entrar na minha casa quando bem entende e levar o que acha pelo caminho. Na primeira, eu ouvi barulho e acordei, surpreendendo-o trancado nas grades e fugindo quando me viu.

Moro em um bairro maravilhoso, Ipanema, onde inclusive no ano passado participei de uma entrevista no caderno bairros de ZH, onde falei sobre um sonho alcançado, o de morar no referido bairro.

Como disse, tenho 50 anos, completos no dia 15 de junho como você, e esta idade, somada a minha família linda, não me permitem cometer atos impensados. Este é o motivo de meu e-mail.

Vou me preparar para eliminar este ladrão. Farei tocaias, comprarei armas e me prepararei para recebê-lo na próxima vez que tentar acabar com a paz da minha família. Sei da brutalidade de meu ato. Mas não consigo mais ficar de braços cruzados (nem tanto “braços cruzados” porque tomei todas as medidas de segurança recomendadas), esperando qual vai ser a próxima defecção que este indivíduo vai me causar.

É sempre o mesmo. Por isso é previsível. Farei algo que nunca pensei. Mas este indivíduo vai parar de me assombrar. Não há polícia às 3h30min da manhã. É permitido roubar a esta hora!!!

Espero apenas que as autoridades que pregam direitos humanos, penas leves, ausência da pena de morte, sejam complacentes comigo quando cometer este ato tresloucado. Obrigado por me ler. (ass.) Jarbas Castro Jr.(mailto:mvjarbas@terra.com.br)”.

Agora vejam a que ponto um colunista é lembrado para tudo que querem os leitores que aconteça. Eis a outra mensagem recebida: “Sugiro que o senhor levante a bandeira da legalização dos jogos de bingo e roleta no Brasil, bem como a legalização dos cassinos, cuja proibição é o vetor da corrupção em nosso meio social e governamental e causa de evasão de divisas que nossos milionários levam em maletas para jogar no estrangeiro.

Contando com vossa sensibilidade e senso de justiça, convido-o para para ser o Dom Quixote dessa causa moralizadora que o nosso Brasil tanto precisa. É o lema que falta nas recentes manifestações sociais.

Saúde e paz! (ass.) Archie Paulo Ivan Schneider (mailto: paulo.53@brturbo.com.br)”.

Agora deixem eu responder ao e-mail acima: quer dizer então que o leitor propõe que eu levante a bandeira da legalização dos jogos de azar no Brasil, sob o pretexto de moralização do país e de exorcizar a corrupção no país? Já imaginaram, se eu fizer isso, dos protestos que cairão sobre mim?


Seu Archie, o senhor podia muito bem me propor causa mais cômoda. Mas, em todo o caso, publiquei a sua ideia.

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