14 de julho de 2013 | N° 17491
PAULO SANT’ANA
Os
peixes e os frutos do mar
Gosto de bacalhau e gosto de camarão. Evidentemente que os
restaurantes especializados não usam esses dois frutos do mar em um só prato.
Então experimento um estratagema, peço um prato de bacalhau
e um prato de salada de batata com maionese e camarão. E assim risco um duplo
dessa minha preferência.
Mas não fica por aí o meu gosto pelos peixes e crustáceos.
Eu adoro a merluza negra. Devoro-a acompanhada de vegetais cozidos.
É antigo o meu deliciamento com o bagre ensopado, desde a
infância adquiri por esse prato uma espécie de devoção, pena que os
restaurantes de peixes em Porto Alegre não o exercitem, somente usam de pratos
colaterais, como a moqueca.
E também no Gambrinus, só para mim, mandam comprar tainha na
banca do peixe do Mercado Público e fazem as postas fritas, não está no
cardápio, amigos, mas não existe nada mais saboroso.
Dizem que comer peixe dá saúde e que nas cabeças dos peixes
há fosfato. Mas não é por isso que como peixe, é porque gosto mesmo. Gosto
também de peixes assados, os apropriados são os peixes gordos.
E a caldeirada, hein, existe maior gostosura? Mas a gente
presume que só comer carne vermelha, seja no churrasco, seja nos bifes, não é
muito saudável. E aí é que entram os peixes como alternativa providencial.
Cuidado com a espinha do peixe, há peixes espinhentos, dizem
alguns que são os mais gostosos, duvido disso quando topo no prato com um filé
de côngrio, sem qualquer risco de encontrar espinhas.
Eu sou do tempo em que se fazia lambari frito para o
aperitivo, era tão bom que a gente acabava se embebedando ao comê-lo tanto.
A variedade de peixes que já comi nessa vida foi muito
grande: traíra, dourado, carpa, tilápia, anjo, uma infinidade.
Só não tolero polvo e lula, dizem seus fãs que são
deliciosos, mas nunca os enfrentei, se o tivesse feito tenho certeza que me
tornaria adepto deles, afinal gastronomia depende da experimentação dos pratos.
E fora dos peixes, entrando no terreno dos batráquios,
aprendi a comer, há 50 anos, no antigo Recreio Avenida, na Avenida Presidente
Roosevelt, a rã frita ou cozida.
Por sinal, a minha ignorância dita que o feminino de sapo é
rã. Então por que a gente nunca viu no cardápio o sapo à milanesa, somente o
seu feminino?
É assim, os masculinos sempre levam desvantagem, é o caso do
galo que, se diz, tem como maior desgosto o destino de, depois de abatido, ser
colocado na mesa como galinha.
Mas nunca consegui comer o escargot. Não me passa pela
goela. E pensar que tem gente que come cobra frita, jacaré, até mesmo ratão do
banhado já conheci gente que o comia.
Ora, quem tem de comer rato é o gato, isso não é tarefa
humana.
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