05
de julho de 2013 | N° 17482
ARTIGOS
- Eduardo Guazzelli*
UFRGS:
resiste!
Seria
imprescindível, no contexto social tão competitivo em que vivemos hoje, que
processos de seleção adequados e confiáveis fossem adotados pelas universidades.
A
UFRGS, uma das melhores universidades do Brasil, que até hoje vem selecionando
profissionais bem qualificados e valorizados no mercado de trabalho, não
deveria deixar que sua prova positivamente conteudista e coerente fosse
substituída por tantas fraudes e falhas que vimos acompanhando nesses últimos
anos. Como representante do protesto contra a adoção do Enem como etapa única
no vestibular da UFRGS, considero que um dos principais fatores para a não adesão
a tal exame seja a supercentralização.
Nós,
estudantes, somos envolvidos pela história, geografia e literatura do nosso
Estado e, por meio desses conteúdos trabalhados, conseguimos entender mais a
história do nosso Estado e do nosso país, porém o Enem impede que tais assuntos
sejam tratados de maneira objetiva na prova, desqualificando o estudo de diversos
estudantes. Para a resolução dessa questão, seria necessária a adoção de um
Enem regional, o que é totalmente inviável: faltam vontade política e consciência
pedagógica.
Outro
fator preocupante é a proposta do MEC em relação à fusão de disciplinas do Ensino
Médio. A consequência de transformar todas as disciplinas em quatro áreas,
tanto no Enem quanto nas escolas, é a intervenção direta no trabalho dos
professores, que recebem outra formação. Os professores já têm dificuldade em
preparar seus alunos quando se fixam nas disciplinas que dominam. O que
acontecerá quando tiverem de lecionar assuntos de outras disciplinas?
Enquanto
o concurso vestibular da UFRGS contempla 225 questões e uma redação aplicadas
em quatro dias, o Enem possui 180 questões e uma redação – frequentemente mal
corrigida – em apenas dois dias. Isso gera uma inviabilidade para que o
processo de fato seja eticamente seletivo. Lembrando que as inscrições do Enem
já acabaram e só agora a UFRGS resolveu aderir ao Sisu, consequentemente quem não
se inscreveu no Enem, por não julgar necessário o acréscimo de nota na UFRGS ou
qualquer que seja o motivo, seria obrigado a concorrer a apenas 70% das vagas
existentes.
O
Enem não democratiza o acesso à universidade. O que está acontecendo é que os alunos
das melhores escolas do país, a maioria situada em São Paulo, estão
conquistando as vagas dos cursos mais procurados em todas as universidades. Sendo
assim, a luta por direitos igualitários continua, mas isso só não basta: são
necessários processos que efetivamente façam esses direitos serem exercidos.
*ESTUDANTE
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